Demora
Carmem aguarda um medicamento para a vida toda
Pelotense de 58 anos espera há um mês que o governo do Estado disponibilize remédio para barrar a púrpura trombocitopênica idiopática
Paulo Rossi -
Esperar. Esperar. Esperar. O tempo tem passado rápido e também devagar para a pelotense Carmem da Silva Souza, de 58 anos. Ela aguarda, há um mês, que o governo do Estado disponibilize remédio que necessita tomar, por toda a vida, para o tratamento da púrpura trombocitopênica idiopática, doença autoimune com a qual foi diagnosticada em julho.
A púrpura trombocitopênica idiopática funciona através da destruição das plaquetas do sangue, resultando em redução significativa de tais células. Na última semana, Carmem teve de ser internada na Ebserh Pelotas, após registrar uma diminuição de 43 mil para duas mil plaquetas no organismo. Quando isso ocorre, o corpo tem mais dificuldade para cessar hemorragias, especialmente em casos de feridas e pancadas.
O eltrombopague olamina, vendido sob o nome comercial Revolade 50mg, age exatamente neste ponto, promovendo a elevação da contagem das plaquetas e a redução dos sangramentos. O problema é o preço: no comércio, a caixa com 14 comprimidos custa em média R$ 2.500,00.
Quando foi diagnosticada com a doença e teve de retirar o baço, em julho, Carmem ganhou o direito de receber o Revolade do governo do Estado. E de fato foram entregues a ela duas caixas, na primeira vez. Mas, como são necessários dois comprimidos por dia, o estoque durou pouco e ela precisou ir novamente à Farmácia do Estado no fim de setembro. Aí o resultado foi outro: o medicamento estava indisponível e sem previsão para chegada. E lá se foi mais de um mês desde que as cartelas estão vazias.
Desde então, Carmem tem intercalado dias ruins e dias regulares. Nestes, ela percorre Farmácia do Estado, 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS) e Secretaria de Saúde quase em súplica por agilidade na vinda do remédio. Quando a saúde piora, fica sem força, com dor nas pernas, sofre com sangramentos e precisa ser novamente internada. “Já me disseram que em 24 horas conseguiriam, mas até agora nada. Sinto que estou piorando e estou apavorada. Essa sensação de aguardar é a pior que existe. Não desejo para ninguém”, diz, ressaltando que a última informação que recebeu foi de que a Procuradoria-Geral do Estado não tem previsão para dispensação do Revolade.
O que diz a 3ª CRS
Em contato com o Diário Popular, o titular da 3ª CRS, Gabriel Andina, afirmou que ainda não teve retorno da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul em relação à vinda do medicamento a que legalmente Carmem tem direito. “Existe um processo burocrático para a compra. Quando demora mais de um mês, a gente usa nossos carros para buscar, mas nossa frota é pequena.” Entre terça e quarta-feira, ele diz, a espera de Carmem deve chegar ao fim.
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