Tradição

Cavalgada cultural recria caminho dos tropeiros

Oito cavaleiros partem nesta quarta-feira (3) do Farol da Barra do Chuí até Vacaria

Arte: Guilherme Bueno - DP - Confira o trajeto que será feito

Eles foram fundamentais para a economia do País entre os séculos 17 e 18. Responsáveis pela fundação de importantes cidades, serviam também de comunicadores dos acontecimentos entre um local e outro. Os tropeiros atravessavam o Brasil levando gado, mulas, cavalos, mantimentos, produtos de compra e venda. Desbravaram caminhos, abriram estradas, fizeram história. No Rio Grande do Sul, também chamados de carreteiros, são figuras da tradição gaúcha, pois com o surgimento das rodovias, as tropeadas se reduziram a pequenos trajetos. Pela relevância dos tropeiros no pampa gaúcho, um grupo de tradicionalistas recria, a partir desta quarta-feira (3), um dos principais trajetos feitos por esses desbravadores. Com saída do Farol da Barra do Chuí (Campos Neutrais) oito cavaleiros seguirão o caminho até Vacaria (Campos de Cima da Serra) levando uma tropa. Será uma jornada de 880 quilômetros realizada em 31 dias até culminar com o Rodeio Internacional, evento tradicional gaúcho.

O secretário da comitiva, Ligorio de Oliveira Peres, conta que foram anos de planejamento a partir do desejo do empresário Adalberto Rodrigues Clavijo que ouviu de historiadores sobre a maneira como os animais eram trazidos do Uruguai e Argentina e levados até Sorocaba, ainda no tempo do Brasil Colônia. Acostumado a participar de cavalgadas, o grupo foi trabalhando o trajeto e organizando a comitiva. São empresários liberais, pecuaristas, servidores públicos e comerciantes que economizaram quase R$ 80 mil para a execução do projeto e assim, marcar na história a importância do serviço prestado pelos tropeiros. "É uma cavalgada cultural que conta com o apoio das Secretarias de Cultura das cidades por onde vamos passar. A ideia é transformar esse caminho em um percurso cultural e turístico através de lei que será encaminhada à Assembleia Gaúcha", garante o secretário.

Além disso, os participantes vão colher, ao longo do caminho, material para depois ser divulgado nas escolas dos municípios por onde passarão: Chuí, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, São José do Norte, Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Osório, Santo Antônio da Patrulha, Rolante, São Francisco de Paula, Jaquirana, Bom Jesus, Monte Alegre dos Campo e Vacaria (Confira no mapa). Durante o trajeto diário, cada cavaleiro leva na mala de garupa, água e lanche. Já no acampamento será servido café da manhã e da tarde, além de almoço e jantar. "As provisões foram calculadas para os 31 dias. Estamos levando freezer com alimentos congelados. Também alguns animais serão abatidos durante o percurso para alimentar os participantes, recriando a lida dos tropeiros da época." Os cavaleiros terão a missão de chegar com 20 cavalos que representam a tropilha.

Para o idealizador e capataz Adalberto Rodrigues Clavijo, este é um sonho de 40 anos. "É uma emoção muito grande e também ansiedade. Mergulhamos a fundo na história dos tropeiros e descobrimos a rota feita pelo mais conhecido desbravador Cristóvão Pereira Abreu. A partir de então vieram os convites aos amigos e junto a pandemia. Agora estamos conseguindo realizar este sonho", conta. Do grupo de convidados estão Luiz Alberto Bergmann da Cruz, Luiz Rogério Peverada Fernandes, Gedelci Araújo, Luiz Fernando Ferreira Pires, Cláudio Peter Machado Neto, André Peverada Fernandes, Luís Carlos Valadão Sanches. Quem vai margeando a tropa é o cozinheiro Hélcio Peixoto da Silva, o ajudante Sidnei Michelon, a motorista Tainá de Oliveira Monte e, claro, o secretário Ligorio Peres, responsáveis pelo preparo do acampamento.

"Em respeito à saúde dos animais, vamos levar um caminhão e um médico veterinário, mas pretendemos reproduzir os hábitos da época, indo no lombo do cavalo, com muita comida campeira e fogo de chão", sinaliza Clavijo. As pousadas serão em fazendas previamente agendadas nas cidades que fazem parte da rota. "Eles ligam e dizem que estão nos esperando com churrasco. Isso é maravilhoso." Quem está no apoio é a Secretaria de Esporte, Cultura e Turismo de Santa Vitória do Palmar, que participou de várias reuniões com o grupo de cavaleiros. A cerimônia no Farol da Barra está marcada para às 8h30min. Já no Chuí, a partida da tropa deve ocorrer às 11h.

Curiosidades

O tropeirismo teve início em 1695 quando a Coroa Portuguesa instalou, na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a este local e, de lá, seguia para o porto de Parati, de onde era encaminhado para o reino via cidade do Rio de Janeiro. Ao longo das rotas pelas quais se deslocavam, ajudaram a fundar cidades do Brasil como Taubaté, Sorocaba, Santana de Parnaíba e São Vicente em São Paulo; Viamão, Cruz Alta e Vacaria no Rio Grande do Sul; Lages em Santa Catarina, e Castro no Paraná são algumas das pioneiras que se destacaram pela atividade de seus tropeiros.

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