Potencializar as capacidades do autista. Este é um dos principais objetivos das aulas de Arteterapia no Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura. E, usando de gancho o oitavo aniversário da instituição e também a Semana Azul, que serve de conscientização sobre o tema, está ocorrendo a I Vernissage do Centro, que vai até a próxima sexta-feira. Nela estão expostas obras dos alunos, que podem ser adquiridas a preços simbólicos.

A exposição das telas é uma maneira de valorizar os estudantes, explica a professora Jussara Pereira Cordeiro. “As pessoas veem somente a incapacidade. Não veem como uma pessoa, mas como o autismo”, lamenta. E a mostra serve justamente para expor todo o potencial presente neles. Jussara diz que o preconceito acaba ferindo a autoestima do autista e a dor é muito mais dura do que qualquer condição. Desta maneira, a produção estimula justamente a capacidade, dando um salto notório para o aluno, especialmente no orgulho de realizar.

A exposição traz obras com inspiração em artistas estudados na disciplina, como Tarsila do Amaral, Vincent van Gogh e Amedeo Modigliani. Mas também em coisas comuns do dia a dia, como símbolos ligados ao autismo, aniversários, personagens famosos e até mesmo uma lata de leite condensado.

Este último exemplo é a inspiração de Jamile Xavier, 20 anos. Todo mundo conhece a moça da lata do leite condensado, que carrega um balde em sua cabeça. Mas a imaginação aguçada da artista criou todo um cenário a partir disso: o recipiente está cheio de água. Ao redor, um jardim com plantas que serão regadas por ela. “É a moça, mas um pouco mais criativa”, define. As aulas de Arteterapia inclusive fizeram a jovem começar o curso de Artes Visuais.

Importância para a família e para os demais atendimentos
Mãe do aluno Rafael, de 24 anos, Carla Antunes diz que as aulas de Arteterapia fizeram muito bem ao filho. Por estimular além da criatividade a questão sensorial, ele desenvolveu outras potencialidades, como a pintura a dedo, algo que não gostava de fazer anteriormente. “Eu fico muito feliz. É uma emoção muito grande ver o trabalho dele”, aponta. Ao chegar para comprar a obra que o filho tinha pintado, Carla teve a grata surpresa de notar que outra pessoa já havia adquirido a peça. Nenhum problema pra ela, que celebrou o fato de sua arte estar embelezando outros espaços.

A também professora Janaína Mesquita diz que os temas são livres, conforme a criatividade ou estímulo. Ela afirma que, de alguma forma, todos os alunos participaram da exposição e, por isso, eles se sentem incluídos. Dessa maneira, conseguem se expressar através da arte, o que ajuda também no atendimento especializado que é oferecido na instituição.

A exposição
A Arteterapia do Centro tem 73 alunos (o centro está com 460 na atualidade), com idades entre 9 e 42 anos. Segundo a diretora Débora Jacks, a ideia é valorizar o trabalho com a exposição e vender as telas para reinvestir o dinheiro nas aulas, comprando mais materiais. E isso é extremamente positivo para os alunos. “Eles se empolgam muito na produção deste material”, revela.

A exposição continua até a próxima sexta-feira, das 8h às 17h, no Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura, que fica na rua General Argolo, 1801, no Centro de Pelotas.