Educação
Chance de mudar de vida
UFPel promove vestibular exclusivo para migrantes e refugiados senegaleses
Paulo Rossi -
A vida em outro país nem sempre é fácil. Lidar com outra língua, outros costumes e olhares não muito amigáveis são algumas das dificuldades enfrentadas pelos migrantes e refugiados senegaleses que vivem em Pelotas. Cerca de 25 deles moram e trabalham na cidade. Com o objetivo de integrá-los à sociedade e dar uma oportunidade de qualificação, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) promove uma seleção voltada especificamente a eles.
Nenhuma vaga foi criada para a seleção ou retirada de candidatos brasileiros. Elas são remanescentes do Programa de Avaliação da Vida Escolar (Pave), vestibular seriado da UFPel. "São vagas que não tiveram interessados e ficariam ociosas", explica a pró-reitora de ensino Maria de Fátima Cóssio. Os cursos foram escolhidos em conjunto com representantes desta comunidade e englobam diferentes áreas (confira no box).
Sete candidatos foram homologados para as 18 vagas disponibilizadas e cinco deles compareceram à prova escrita realizada na última semana. A seleção ainda contou com uma etapa preliminar, onde os interessados deveriam redigir um Memorial Descritivo. O relato deveria trazer a história de vida do candidato incluindo sua trajetória escolar, a vivência em comunidade e as expectativas de ingresso na Universidade, por exemplo. A importância dessa formação para sua realidade também deveria ser destacada.
Foi em busca de novas experiências que Idrissa Sane, 33, veio para o Brasil há dois anos. "A vida no Senegal não era ruim, mas eu vim para ser mais feliz", conta. No país de origem, o jovem trabalhava como operador de máquinas e já havia cursado especializações em mecânica de carros e mecânica industrial. Agora, tenta uma vaga para Engenharia de Materiais. "Espero aprender ainda mais", projeta.
A trajetória no Brasil iniciou em São Paulo, onde permaneceu por apenas um dia. Seguiu para Caxias do Sul onde conseguiu documentos necessários para viver no país, como carteira de trabalho. Permaneceu por três semanas e se deslocou até Criciúma. Na cidade catarinense, trabalhou em uma fábrica por oito meses. Chegou em Pelotas através de um amigo. "Ele trabalhava em uma empresa de construção e estavam precisando de um operador de máquinas", lembra.
As expectativas com a faculdade são altas. "Tenho certeza de que os colegas vão nos acolher bem", comenta. Apesar da esperança, ele conta que já sofreu preconceito. "Tem pessoas que falam muitas coisas feias para nós", resume. Depois de concluir a graduação e conseguir se fixar de vez no país, pretende trazer os irmãos que ficaram no Senegal.
Cursos e vagas
Educação Física (Licenciatura) 2
Engenharia de Materiais (Bacharelado) 2
Filosofia (Bacharelado) 2
Filosofia (Licenciatura) 2
Letras Português (Licenciatura) 2
Letras Português/Francês (Licenciatura) 4
Turismo (Bacharelado) 2
Processos Gerenciais (Tecnólogo) 2
Total 18
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