Cláudio Oliveira Marinho tem 35 anos. Destes, está há pelo menos 18 vivendo na estrada. Ou melhor: nas estradas, montado em uma bicicleta - onde carrega tudo que precisa para sobreviver. Com espírito de aventura, sede pela descoberta de novos lugares, culturas e pessoas, Cláudio, natural de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, percorreu cerca de 14 mil quilômetros de Touros, cidade do estado do Rio Grande do Norte, até aqui, em Pelotas. Agora, busca ajuda para continuar sua trajetória. 

Está desde 2000 envolvido no cicloturismo, prática de conhecer os lugares utilizando a bicicleta como meio de transporte. O ciclista saiu de Rio Grande do Norte em 1º de novembro de 2017 e chegou a Pelotas no último domingo, dia 18. Durante suas viagens, Cláudio aproveita para sair das BRs e entrar em cidades que despertam seu interesse. Assim, conhece todo tipo de gente e aprende a respeito das peculiaridades de cada local, ao mesmo tempo em que vai pipocando de bico em bico, procurando serviços e outros ciclistas em um processo baseado na ajuda mútua.

Cláudio pretende passar de 15 dias a um mês em Pelotas, buscando trabalho para se manter e fazer manutenções na bicicleta. A maior dificuldade no momento é a falta de um celular. O que tinha estragou, cortando toda sua forma de comunicação. É pelo celular que ele permanecia conectado com outros cicloturistas, através de aplicativos de troca, onde descolava hospedagem, alimentação e serviços, além de registrar a quilometragem percorrida. Era o dispositivo que o deixava vinculado aos familiares. Sem o aparelho também não tem acesso aos aplicativos de mapas, essenciais para guiar seu trajeto.

“Cada experiência é diferente. A imagem que as pessoas podem ter sobre um lugar é uma. Eu quero poder ir e conhecer por mim mesmo, experimentar para ver”, fala. Já passou pela maioria dos estados brasileiros e países da América Latina. Na lista de países a conhecer está o Uruguai, a Guiana Francesa e o Equador - os únicos do continente que ainda não teve a chance de percorrer com sua bike, a responsável por carregar 27 quilos de bagagem - revestida com tecido impermeável, para caso de chuva. “Precisa de preparo físico mas, acima de tudo, tem que ter vontade e coragem para descobrir lugares. Toda vez que eu faço uma rota de cicloturismo aumenta esse meu desejo”, expressa. Ao longo da viagem, coleciona histórias de desconhecidos da estrada que o ajudaram, seja com alimentação, hospedagem ou qualquer outra pendência que surgisse no caminho. “O Sul é a região que mais se envolve no cicloturismo. Recebi muito apoio na estrada, em postos de combustíveis e restaurantes”, afirma.

Agora, espera a mesma solicitude dos gaúchos. “Eu faço qualquer coisa que aparecer, mas minha área é a gastronomia”, diz, referindo-se ao trabalho temporário que pretende conseguir. Por enquanto, está a firmar parcerias com lojas especializadas como a JL Casarin e a Nobre Bicicletas, bem como o grupo de viagens Nirvana Adventure Tour e o restaurante Bohrek, no Centro. Assim que arrecadar os recursos necessários, continua a viagem - desta vez, rumo ao Chuí, no Uruguai. “É um país famoso pelo cicloturismo”, comenta. Dos 12 países do Mercosul, só não passará por Guiana e Suriname. Depois, retornará para o Rio Grande no Norte. Não para terminar a viagem, mas sim para programar a próxima. E assim continua.

Estados que Cláudio passou até chegar no RS:

Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catarina

Total tempo de viagem:
151 dias