Alerta

Com previsão de verão seco, Pelotas já sente falta de chuva

Sanep já trabalha com medidas para evitar escassez e pede consciência da população para diminuir consumos desnecessários

Foto: Volmer Perez - DP - Dezembro tem chuvas abaixo da média

Por Lucas Kurz
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Embora a influência do fenômeno La Niña esteja em queda, os efeitos climáticos ainda serão sentidos nos próximos meses. De acordo com os meteorologistas, o verão será de temperaturas elevadas e chuvas irregulares o que, após temporadas de estiagem, traz preocupação. Embora o agronegócio ainda não tenha um panorama, no que tange o abastecimento, o Sanep já trabalha com medidas preventivas para evitar que os efeitos afetem o dia a dia da população.

Para este mês de dezembro eram previstos 103,3mm, segundo a média histórica. No entanto, o Laboratório Agrometeorológico da Embrapa aponta apenas 24,6mm , abaixo do ano passado, com 71,2mm no mesmo período, o que já era um dado preocupante. Segundo o meteorologista da Barra Meteorologia, Allef Matos, os últimos quatro meses vêm sendo de chuvas abaixo da média na maior parte do Estado. Apesar das perspectivas de reversão do La Niña ao longo de 2023, esse verão ainda tem tendência de precipitações irregulares. Em janeiro as chuvas devem estar mais presentes que em dezembro, mas ainda abaixo da média histórica. "Mesmo com essa chuva que venha a cair em janeiro, não é suficiente para a gente ter uma mudança nesse déficit hídrico que a gente vem enfrentando nas últimas semanas", explica.

As chuvas também podem ocorrer de maneira isolada e esparsa. O que, para o agronegócio, pode ser um problema, lavando os nutrientes do solo, explica Allef. Já o pesquisador do laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Clima Temperado, Sílvio Steinmetz, diz que por ser mais um ano sob influência do La Niña, naturalmente espera-se menos chuvas, mas ainda é cedo para dar um prognóstico do real impacto nas safras de grãos, já que há previsão de chuvas para janeiro, segundo os institutos. "Se realmente se confirmar esse prognóstico, talvez o impacto não seja tão acentuado." Algumas culturas como o milho, que já está em fase avançada, pode sofrer maior interferência, mas a soja e demais produções dependem da distribuição da chuva em janeiro, segundo o pesquisador.

Perspectiva de calor durante os dias
A meteorologista do Climatempo/Defesa Civil (SC), Francine Sacco, explica que o sul do Rio Grande do Sul sofre ainda mais com as influências do La Niña em termos de estiagem. A perspectiva de declínio do resfriamento das águas do Pacífico deve ser sentida, mas não agora, apenas no outono. "A tendência é que a gente tenha um verão com chuvas abaixo da média no sul do Rio Grande do Sul", explica. Em outras regiões, como o noroeste do Estado, as precipitações devem ser mais próximas da normalidade histórica, embora ainda abaixo da média. Ela relembra ainda que, historicamente, o ritmo climático gaúcho já traz verões com menor regime de chuvas.

Em função do final do fenômeno, a perspectiva também é de temperaturas variando entre a normalidade e um pouco acima dela, com as máximas elevadas, devido ao tempo seco. Em compensação, as noites devem ser um pouco menos quentes.

Preocupação com o abastecimento da cidade
O Sanep diz que, com a sequência de estiagens desde 2019, a preparação vem sendo forte. "A gente já entra 2023 com a barragem Santa Bárbara em um nível negativo", lamenta a diretora-presidente da autarquia, Michele Alsina, reforçando, também, a influência no La Niña. O manancial já está 1,31m abaixo da média. Com o cenário de preocupação, a transposição do Arroio Pelotas para a barragem deve começar a operar em janeiro, com incremento de 300 litros por segundo de água bruta. O investimento é de em torno de R$ 500 mil.

Outro fator negativo pode ser o aumento do índice de salinidade no Laranjal, levando ao canal do Arroio Pelotas, podendo comprometer parcial ou totalmente a captação de água bruta para as estações de tratamento móvel da praia. Assim, há o incremento de distribuição de água via caminhões pipa nas populações do Balneário dos Prazeres e Colônia Z-3. Ao contrário do último verão, quando a salinidade apareceu apenas em fevereiro, nesta estação já há registro do fator desde a semana passada.

A mandatária do Sanep reforça que, além das medidas operacionais, é importante a conscientização da população quanto ao consumo de água. Desligar a torneira enquanto escova os dentes, banhos mais curtos, aproveitar a água da máquina de lavar, varrer o pátio ao invés de lavar… "A gente ainda não vivencia uma condição crítica, mas é uma luta coletiva, é uma pauta coletiva e as pessoas cada vezes mais têm que despertar para essa consciência de que é um bem finito."

O que é o fenômeno La Niña?
Matos explica que o fenômeno é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Pacífico equatorial, em torno de dez graus norte e dez graus sul da Linha do Equador. "Isso tem feito com que a gente tenha uma alteração no regime de chuvas no Rio Grande do Sul." Essa influência acontece principalmente na segunda metade da primavera e no verão, quando ocorre a diminuição das precipitações.

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