Feriado
Começam os preparativos para o Dia de Finados
Famílias limpam os túmulos e a venda de flores já começou; visitantes reclamam da situação estrutural do maior cemitério de Pelotas
Paulo Rossi -
Este sábado (2) é dia de rememorar a lembrança dos entes queridos que faleceram. No Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, na avenida Duque de Caxias, os preparativos para o Dia de Finados já começaram. Famílias preparam os jazigos e túmulos, enquanto a equipe do cemitério organiza os últimos detalhes para receber os visitantes. Com a volta do sol a Pelotas, após os dias de tempo nublado e chuva, a movimentação entre as bancas de venda de flores aumentou significativamente.
O quadro de funcionários teve de ser ampliado para a data e uma equipe de dez seguranças de uma empresa privada foi contratada pela administração. "Aqui é muito grande, vamos reforçar os fundos", explica a diretora Joice Farias. A ida de famílias ao local se intensificou na tarde desta quinta-feira (31), momento dedicado à higienização e preparo das lápides e sepulturas. Uma estrutura foi montada num dos pátios internos para receber as missas que ocorrem ao longo de todo o Dia de Finados, e cadeiras estarão dispostas para o público. Um violinista também foi contratado para se apresentar ao longo do sábado.
O movimento na calçada do cemitério e no canteiro da Duque também aumentou em relação aos últimos dias. "Finados é o nosso carro-chefe", conta Ronei Souza, um dos funcionários da banca de flores da Shirley. A banca está em frente ao cemitério há mais de 30 anos, comercializando flores naturais e artificiais. Nesse ano, ele notou um aumento na busca pelos produtos naturais, apesar das plásticas serem as mais procuradas. E o tempo bom ajuda nas vendas. "O pessoal resolveu aparecer com o sol", brinca o comerciante.
Assim como ocorre na avenida, os demais cemitérios da cidade recebem as equipes de fiscalização da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU). Não será permitido o comércio de qualquer produto não autorizado e, para permanecer no local, o ambulante deve ter licença do município.
Momento especial para amigos e familiares
As primas Santa Terezinha Borba e Laila Terezinha Silva limpavam o jazigo de familiares na tarde de quinta-feira. Terezinha vê a visita ao tio e à tia falecidos como um momento de alívio, o que não acontece somente no feriado. Os aniversários e a Páscoa também são momentos de visitar e homenagear os entes queridos. A distância dos familiares é sentida, conta Laila. Ela passou quatro anos em Matinhos, no Paraná. "Era muito chocante", lembra, ao falar das datas especiais que passou sem visitar o pai, a mãe e o irmão.
"As datas sempre mexem com o emocional da gente", conta. Nos anos em que passou fora, a responsabilidade da limpeza dos jazigos passou para outra pessoa, contratada para a função. Os corredores do cemitério eram movimentados na tarde de quinta, com outras famílias e amigos que preparavam os túmulos para o sábado.
O tumulo da cigana Terena, por exemplo, já recebia visitantes. Sempre muito visitado, o local é sinônimo de depósito de fé na figura famosa por atender aos pedidos daqueles que a ela recorrem. No Dia de Finados, o local passa por várias rondas de limpeza por parte da equipe de administração do cemitério.
Situação que gera reclamações
"O aspecto é de que ele está completamente abandonado", descreve a pesquisadora Luiza Neitzke. Ela é professora do curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e investiga os cemitérios do Rio Grande do Sul, com foco especial em Pelotas e na capital gaúcha. Em visita ao Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, ela explica que o local, em outros anos, já pareceu mais amistoso e acolhedor. Após as chuvas dos últimos dias, poças d'água ainda podem ser vistas nos caminhos entre os túmulos, além do limo acumulado nas calçadas.
Em uma das áreas externas, conhecida como Campo Santo, o capim chega a ser mais alto que alguns dos túmulos. Como o terreno não é calçado, há acumulo de barro e poças d'água às vésperas do feriado. A administração do local afirma que a limpeza dos caminhos entre as sepulturas foi feita, mas a responsabilidade é dividida com os familiares e proprietários dos espaços, como a frente dos jazigos.
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