13 estudantes de programas de pós-graduação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) encararam um desafio na quarta-feira: traduzir suas pesquisas de doutorado da linguagem científica para uma termos mais simples em apenas três minutos. O 3MT - Sua Tese em 3 Minutos, dentro da programação da 9ª Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão (Siiepe), lotou o auditório II do Centro de Artes para premiar os doutorandos que melhor conseguissem transmitir com clareza a importância de seus trabalhos. O prêmio em dinheiro contou com apoio da Fundação Delfim Mendes Silveira, entidade de apoio à UFPel.

O trabalho que mais se destacou foi o de Taís Rech, doutoranda de Bioquímica e Bioprospecção, que investiga elementos químicos que possam ter efeito antidepressivo. Vencedora do voto popular, Taís empatou em primeiro lugar na votação dos jurados com a apresentação de Juliê da Costa, doutoranda em Química, que pesquisa o uso de buchas orgânicas para diminuir a presença de medicamentos na água em estações de tratamento. Em terceiro lugar, foi premiada Alice Lourenson, doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos que pesquisa um composto de erva-mate com folhas de oliveira e possíveis propriedades, como efeito antinflamatório e antidiabético.

Para Taís Rech, traduzir sua pesquisa para uma linguagem popular foi um desafio importante em sua carreira acadêmica. "Nosso trabalho como estudantes de universidade pública deve ser para a comunidade, então esse tipo de evento nos proporciona um esclarecimento sobre nossas pesquisas para essa comunidade", diz. A pesquisa dela com elementos potencialmente antidepressivos já vem sendo reconhecida, com publicações em importantes revistas científicas internacionais.

"O meu maior desafio foi conseguir colocar todas as informações que são fundamentais para a compreensão da importância do meu trabalho em três minutos e sair da bolha científica", diz Juliê. "A gente tem aquela barreira entre a sociedade, que não está dentro do laboratório de pesquisa, entender a relevância e ver o que a gente está fazendo no dia a dia", explica sobre a importância de eventos como o 3MT.

Na mesma linha, o organizador e idealizador da 3MT na UFPel, professor Marcos Correa, avalia que o público que lotou o auditório marca a consolidação do evento. "Diante do cenário atual, em que a gente vê uma parcela importante da população que até desvaloriza a ciência, fica muito claro que a gente precisa dialogar mais com a população", diz, salientando a importância de os pesquisadores conseguirem traduzir a ciência para uma linguagem acessível. O evento também se destacou pela presença feminina: dos 13 participantes, dez eram mulheres. "Assim como a participação de várias estudantes negras, que também mostra essa transformação pela qual a universidade vem passando e que está chegando também na pós-graduação", comemora o professor.

O 3MT - Sua Tese em 3 Minutos chegou a sua quarta edição - a segunda em formato presencial após a pandemia. A ideia surgiu em 2008, na Universidade de Queensland, na Austrália, e hoje já é realizada em mais de 900 instituições de 85 países. "A UFPel foi uma das primeiras universidades no Brasil a trazer essa competição", afirma Correa.