A cheia histórica do Guaíba colocou a região sul também em alerta. Devido ao percurso das águas do Estuário da Capital escoar na Lagoa dos Patos, o nível poderá subir rapidamente e causar inundações semelhantes às de setembro ocorridas na Colônia Z-3 e Pontal da Barra. Com previsão de mudança na direção do vento para leste no sábado (25), o que propicia um fluxo maior de água para dentro da lagoa, a Defesa Civil está em alerta constante.

O mesmo vento do quadrante sul, que é o fator que tem feito o nível da água do Guaíba subir mesmo sem chuva, é o que impede as cheias no sul do Estado. Na tarde de quinta-feira (23), a cota da Lagoa dos Patos estava normal. Entretanto, os moradores das regiões próximas aos corpos de água devem ficar em estado de alerta, pois no momento em que as direções dos ventos mudarem, o escoamento pelo Canal São Gonçalo fica represado e em poucos minutos cheias podem atingir o Município.

Conforme o professor de Engenharia Hídrica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e diretor da Agência da Lagoa Mirim, Gilberto Collares, além do Guaíba, alimentam a Lagoa dos Patos as bacias hidrográficas que mais têm sido afetadas pelas cheias, como os rios, Jacuí, Taquari e Sinos. "Esse é o grande problema da região, elevação dos níveis por causa da incapacidade de escoamento em direção a Lagoa dos Patos e canal da Barra. Outro fator preponderante na movimentação das águas são os ventos".

Região em alerta amarelo

A Defesa Civil de Pelotas tem medido diariamente o nível da Lagoa dos Patos e do acompanhado a do Canal São Gonçalo efetuado pelo Sanep. Até a tarde de quinta, os dois tinham os níveis normais. "Estamos nesse alerta e não tem muito o que fazer, temos que aguardar, depende da virada do tempo", diz o coordenador da Defesa Civil do Município, Sargento Fernando Bizarro. Com a previsão do vento mudar para o quadrante leste no próximo sábado, o representante relata que as equipes também têm estado em comunicação com os moradores do Pontal da Barra e Colônia Z-3. Isso para mobilizar as pessoas que ao primeiro sinal de elevação das águas procurem um local seguro. "Nós já pedimos que as pessoas não deixem para a última hora".

Para exemplificar a rapidez das inundações, Bizarro cita um dos casos mais recentes, quando em uma madrugada no final de setembro, a cheia invadiu o Cedrinho, região da Z-3, e em poucos minutos, a água chegou na altura do joelho das pessoas dentro de casa. Na época, 155 pessoas ficaram desalojadas. "Isso foi a 1hora da manhã. Começamos a fazer a remoção e às três horas a água já começou baixar", relata.

Em caso de inundação, a população deve entrar em contato com a Guarda Municipal, pelo 153, ou com o Corpo de Bombeiros, pelo 193, ambos acionaram também a Defesa Civil.