Enchentes

Condição do Canal do Pepino tranquiliza quem decidiu ficar no Navegantes

Morador conta que no pico a água subiu 20 centímetros dentro de sua casa, mas ele não vai deixar o lar

Foto: Jô Folha - DP - Paulo Jesus Prestes observa com atenção o cenário e acredita que água só deve chegar ao portão

Em uma área de evacuação imediata por causa do risco de inundação, o maçariqueiro Paulo Jesus Cruz Prestes, 58, pelo portão tem olhar atento para o nível do canal do Pepino, que fica em frente à sua residência, no final da avenida São Francisco de Paula, no bairro Navegantes. Para quem teve a casa com 20 centímetros de água e mesmo assim não abandonou o lar, a previsão de novo pico de volume de água não vai mudar o cenário do local. Assim como ele, outros moradores seguem a rotina do dia: caminhando pelas ruas, agora enlameadas pelos 10 milímetros de acumulado na manhã desta quarta (22), e cuidados para que a água não avance.

Prestes conta que ninguém da Defesa Civil ou quem está atuando nos resgates foi conversar com ele sobre o perigo de se manter em área vermelha. “Mesmo assim eu não sairia. Tenho meus cavalos e um deles está machucado. E meus cães. Não tenho para onde levá-los”, argumentou. No dia de maior cheia, quando o nível do São Gonçalo chegou a 3,02 metros, a ponte das duas coroas ficou tapada. Só que para o morador, há a crença de que a cheia no Canal do Pepino foi provocada principalmente por uma bomba instalada de forma irregular em um condomínio próximo à Estrada do Engenho. “Se ocorrer novamente, acredito que a água chegue até o portão”, comentou.

Da casa do maçariqueiro é possível ver a ponte das duas coroas e uma casa que fica à margem do Canal São Gonçalo. “Se vocês quiserem saber até onde foi a água, vão lá”, apontou Prestes para a edificação antiga. Segundo moradores que passam todos os dias pelo local para ter um parâmetro das cheias, o volume alcançou a porta da referida casa, próximo ao engenho abandonado e, nesta quarta, estava no rodapé, o que garante uma tranquilidade provisória à população do local, somado aos sacos de areia que servem como contenção à margem do asfalto. O que está calmo também são os canais que cortam a cidade, que aparentemente não apresentam vazão.

Chuva de um mês em três dias
A calmaria de quarta-feira pode mudar se a previsão de chuva se concretizar. Pelas previsões, pode chover o acumulado de um mês em apenas três dias, ou seja, até sexta-feira se espera para a região, que vai de São Lourenço do Sul até a Lagoa Mirim, entre 80 milímetros (mm) e 120mm, sendo que a média do mês é de 110mm.

Pelas condições meteorológicas apresentadas na Sala de Situação em Pelotas, a madrugada de quarta foi mais uma em maré baixa, o que favoreceu escoamento no canal da barra do Rio Grande, em um momento em que a Lagoa dos Patos na região enfrenta o segundo o pico de volume d’água do lago Guaíba, que apresenta reduções significativas de nível. Arambaré, ao Norte da Lagoa, também apresenta redução de nível.

Na terça-feira o acumulado foi de 20 mm em Pelotas; de 39 mm em São Lourenço do Sul; 44 mm em Jaguarão; e 30 mm no Rio Grande. O tempo instável deve permanecer até a sexta-feira, de São Lourenço do Sul ao Chuí. Nesta quarta, a precipitação se apresentou, por vezes com pancadas mais fortes em curto espaço de tempo.

A partir desta quinta-feira, a chuva deve ficar mais contínua ao longo do dia. De acordo com o meteorologista e pesquisador da UFPel, Henrique Repinaldo, a partir de sexta, o sistema de baixa pressão no Oceano, com ventos de componente Sul, favorece a entrada de massa de ar frio e, para o fim de semana, não deve ter chuva. Nesses dias, os ventos serão de Nordeste de fracos a moderados onde não chove, o que ajuda a reduzir os níveis do lago Guaíba, mas irá variar em áreas de instabilidade. ​

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