Combate

Conflito entre Israel e Hamas gera desdobramentos entre residentes de Pelotas

A preocupação com familiares que estão em Israel e na Palestina é a mesma entre judeus e mulçumanos no Município

Foto: Fars News Agency - Combate envolve bombardeios dos dois lados e expõe um conflito por território que se estende por décadas e envolve questões políticas e religiosas

O conflito entre Israel e Hamas iniciado no sábado, até segunda-feira (9) havia deixado mais de 1,5 mil mortos, sendo 900 pessoas no território israelense e 687 na Faixa de Gaza. O combate envolvendo bombardeios dos dois lados expõe um conflito por território que se estende por décadas e envolve questões políticas e religiosas. Com descendência arábe e judaica, moradores de Pelotas expõem os desdobramentos e as preocupações com a guerra. Mesmo com visões completamente diferentes sobre a questão, mulçumanos e judeus convivem em harmonia no Município.

Nabil Husein tenta diariamente manter contato com os familiares que vivem próximo à Faixa de Gaza. Na manhã de segunda-feira (9), o grupo de oito pessoas fugiu do local e buscava se refugiar na Jordânia. "Tia e primos. Um monte de pessoas, quase todos meus parentes por parte de pai, residem lá", diz. O comerciante conta ainda que busca informações com a irmã que trabalha na Embaixada Brasileira na Palestina. "Recém estava falando com a minha irmã, tivemos notícia que eles estão tentando entrar na Cisjordânia, estão no caminho, mas não sabemos por onde estão indo e como estão, estamos sem contato, mas torcendo para que amanheçam lá".

Para Husein as proporções da incursão estão desmedidas em comparação às proporções que normalmente o conflito tinha. "Geralmente todo mundo ia para a fronteira, os palestinos jogavam pedras, os judeus atiravam nas pernas deles e depois terminava, só que dessa vez não". No entanto, ele argumenta que o ataque do Hamas se deu em resposta às investidas que Israel estaria fazendo há duas semanas em Gaza. "Enquanto os palestinos eram atacados todo mundo estava olhando por outro lado, no momento em que deram uma resposta está todo mundo apoiando Israel".

Agora, o medo é que o combate escale e que haja a adesão de países aliados dos dois lados, resultando em uma nova guerra no Oriente Médio. "Todos os lados de Gaza estão cercados, o nosso povo está preso lá. A preocupação é cada vez maior, meu coração é brasileiro, mas meu sangue é palestino", ressalta.

Convivência em harmonia encontrada em Pelotas
"Estou vendo essa situação com muita tristeza, o objetivo de alcançar uma paz duradoura é através do diálogo", diz Simon Halpern. Descendente de imigrantes judeus e praticante, o médico repudia veementemente a ofensiva do Hamas em Israel. Para ele, o argumento de que o país estaria prejudicando a economia e interferindo em Gaza não justifica o atentado a civis. "Conflitos entre soldados até se admite, mas o que fizeram não dá para entender, é uma selvageria, eram pessoas desarmadas que foram mortas a tiros, foi uma atitude desumana".

Apesar de não ter parentes próximos ainda residindo em Israel, a preocupação com a situação também atinge à família, já que primos de sua esposa moram no país. "Hoje recebemos uma nota deles, minha filha está em contato". Por isso o médico compreende a contrapartida isralense, mas ao contar que já esteve no país e que foi bem recepcionado inclusive na área arábe, Halpern destaca que não se refere aos palestinos, mas sim ao Hamas.

Já em Pelotas Halpern elogia o acolhimento do Município e a harmonia social que existe há décadas entre israelitas e árabes. "Eu tinha clientes palestinos e já fui sócio da sociedade libanesa, por exemplo, porque convivemos de uma maneira racional".

A faixa de Gaza

"A região da faixa de gaza equivale à quinta parte do que é o Município de Pelotas", dimensiona o professor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Antônio Cruz. Ele explica que na região vivem 1,5 milhões de palestinos dependentes de recursos disponibilizados por Israel. O que é dificultado em razão do território ser governado pelo Hamas, grupo antagônico ao Estado Israelense. "Os recursos são muito poucos, é uma região muito pobre e considerada por muitos especialistas como a maior prisão a céu aberto do mundo".

Conforme Cruz, o ataque do Hamas foi o mais potente e com maior número de mortos na história de Israel. Ocorrência que foi fruto de uma falha nos serviços de inteligência do país. "Nunca houve um erro tão grande do serviço que é considerado um dos mais eficaz do mundo". Para o professor, o que se pode esperar do conflito é que o país reaja dominando as forças do grupo palestino.

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