Saúde
Conscientização e união para conviver com a Doença de Parkinson
Associação Pelotense de Parkinsonianos reúne pacientes e familiares para dividir desafios; Dia Mundial da Conscientização é celebrado nesta terça
Foto: Carlos Queiroz - DP - Encontros da Associação Pelotense de Parkinsonianos auxiliam na conscientização e tratamento da doença
Pequenos passos em busca de qualidade de vida e conscientização. É com esse objetivo que hoje é celebrado o Dia Mundial da Conscientização da Doença de Parkinson. Segunda doença degenerativa mais comum no mundo, estima-se que cerca de 200 mil brasileiros convivam com o Parkinson. Em Pelotas, através da Associação Pelotense de Parkinsonianos (APP), familiares e portadores da doença se reúnem para dividir os desafios do dia a dia, exercitar o corpo e melhorar a saúde física e mental.
Fundada em 2006, a APP, que conta atualmente com 40 associados, busca promover integração, informação e acolhimento às famílias que convivem com a doença. “A união e o apoio da família e do grupo é fundamental para as pessoas saberem que não estão sozinhas nesse processo”, comenta a presidente da Associação, Romilda Aquino. Para ela, o Dia Mundial da Conscientização é uma oportunidade para que todos enxerguem os desafios, mas também a importância do tratamento e do acolhimento de pacientes.
Duas vezes por semana, o grupo se encontra para sessões coletivas de fisioterapia, realizadas em um espaço cedido pela UFPel na Unidade CuidAtiva. A rotina já é velha conhecida da aposentada Cleusa Silva, 77, que participa das atividades da APP desde sua fundação. Acompanhando o marido, Luis Carlos Silva, 82, que convive com a doença há 20 anos, ela conta que caminhar é a principal dificuldade de Luis no dia a dia, mas que com tratamento, exercícios e a união do grupo, tudo fica mais fácil. “Tem que procurar ajuda e grupos como esse. Sozinho não dá. Todos aqui têm desafios parecidos e se ajudam.”
A colega de longa data Nelba Batista, 70, que ainda guarda a primeira carteirinha da Associação, datada de 2008, relembra que descobriu o Parkinson há cerca de 15 anos e, hoje, considera o grupo parte da família. “Pouco depois que descobri, já procurei a associação. Hoje [o maior desafio] é o movimento que está um pouco limitado. Já parei de dirigir e não ando mais sozinha na rua, mas com remédios e exercícios a gente ganha qualidade de vida”, avalia.
Recém chegados
Para outros membros do grupo, o diagnóstico é mais recente, mas a importância dos encontros já é destacada. Acompanhado da esposa Sarita Soares, 56, o associado João Carlos Soares, 59, frequenta a APP desde o início deste ano. As dificuldades com o equilíbrio e a fala são as principais de João Carlos, que descobriu o Parkinson ano passado mas, segundo o casal, a realidade já é diferente desde que as atividades no grupo começaram. “A fisioterapia é essencial. Ele se desequilibrava bastante e agora já está bem melhor. [O grupo] é muito bom, principalmente para vermos que não estamos sozinhos nessa luta”, comenta Sarita.
Já Wilson Schmidt, 71, que também recebeu o diagnóstico ano passado, relembra que tudo começou com noites de sono muito agitadas, seguidas de tremores na perna e no braço. Ao lado da esposa, Rosi Schmidt, 62, que é parceira de todas as atividades, ele reforça que o tratamento garante uma rotina comum. “Quanto mais exercícios fizer, melhor fico. Ao longo do dia, eu sou eu mesmo. É vida normal, faço todas as atividades do dia a dia”, comenta.
Entenda a doença
O neurocirurgião Vinicius Guedes explica que a Doença de Parkinson é uma patologia degenerativa do sistema central que acomete uma parte específica do cérebro, onde ficam os neurônios produtores de dopamina. “Essa substância ajuda no movimento, então os sintomas iniciais motores podem ser tremores, marcha lentificada, dificuldade de falar e perda de expressão no rosto”, exemplifica. A incidência é maior em pessoas acima de 65 anos, especialmente homens. Apesar de ser mais incomum, o especialista reforça que pessoas mais jovens também podem ser acometidas.
Enquanto a doença não possui causa nem cura definidas, medicações e exercícios físicos são as principais formas de tratamento dos sintomas. A fisioterapeuta da APP, Anaí Pereira, conta que busca trabalhar a mobilidade, caminhada, equilíbrio, reflexo e concentração com os pacientes. “É fundamental para o parkinsoniano pensar que a vida não acabou. Tem tratamento e os sintomas podem ser controlados com medicações e exercícios. É uma doença degenerativa, mas ela pode ser desacelerada.”
O neurocirurgião explica, ainda, que a intervenção cirúrgica também é uma opção. “Mais tardiamente, também existe a cirurgia do Parkinson, que começou a ser feita ano passado em Pelotas, que se chama estimulação cerebral profunda e pode auxiliar muito no controle dos sintomas”, comenta. Guedes complementa que não existem medidas específicas de prevenção ou diagnóstico precoce da doença, mas a recomendação é de seguir uma vida saudável, praticar atividades físicas e procurar um médico quando aparecerem quaisquer sintomas.
Como participar da APP
Além das reuniões semanais de fisioterapia, a Associação Pelotense de Parkinsonianos se reúne no primeiro sábado de cada mês. A próxima reunião, marcada para o dia 6 de maio, contará com uma palestra sobre "Nutrição e Doença de Parkinson". A APP conta com a contribuição mensal de R$ 20 da maioria de seus associados, principalmente para custear a contratação da fisioterapeuta do grupo. No entanto, pessoas que não possuem condições de pagar também podem participar das atividades. Para mais informações, a associação disponibiliza os números (53) 98402-8905 e (53) 99983-1499.
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