Uma reunião ordinária do Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) irá debater, nesta terça-feira (28), os bloqueios orçamentários promovidos pelo Ministério da Educação (MEC) e suas consequências. A reunião foi convocada pelo reitor Pedro Curi Hallal na última quinta-feira. O encontro será no Salão Nobre da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem), no Campus Capão do Leão, às 14h. Conforme informações amplamente divulgadas pela própria Reitoria, a Universidade pode fechar as portas a partir de setembro, caso os bloqueios não sejam liberados.

Para professores, servidores, estudantes e pró-reitores, o reitor Pedro Curi Hallal fará uma espécie de apresentação sobre as contas e o orçamento de 2019. Recentemente, Hallal também se reuniu com estudantes em duas atividades para apresentar estes dados, tirar dúvidas e conversar sobre as condições administrativas apresentadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) às instituições de educação federal.
“Eu e vários reitores e reitoras do Brasil decidimos que, além dos informes para a comunidade, também vamos fazer assembleias com as categorias como as que fizemos, e levar a questão ao Conselho Superior”, comenta Hallal sobre a importância do Consun.

Posição institucional
Na prática, o Consun possui mais poderes que o próprio reitor. A ideia é, a partir da reunião entre os conselheiros, tirar uma posição oficial enquanto instituição. Até agora, o que tem sido divulgado são manifestações da atual gestão administrativa, representada na figura do reitor. Hallal tem se posicionado publicamente contrário às medidas adotadas desde o anúncio dos cortes, no início deste mês.

“Nós enquanto gestão vamos apresentar os dados, tirar dúvidas, já que é um assunto tão importante. A nossa proposta é esclarecer”, diz. Qualquer ação proposta dentro do Conselho precisará ser aprovada. Hoje, o Consun conta com 68 membros, sendo 70% formado por professores universitários. A ideia de firmar uma posição enquanto instituição possui mais força, uma vez que representa todas as categorias que formam a universidade.

Paralisação no dia 30
Também está programada para quinta-feira um novo protesto contra os cortes para a Educação. No dia 15 de maio, cerca de dez mil pessoas foram às ruas de Pelotas para se manifestar contrariamente aos cortes e outras medidas como a Reforma da Previdência. O protesto está marcado as 14h desta quinta-feira, no Mercado Central de Pelotas. O protesto é organizado pelas estudantes da UFPel.

A situação da UFPel
No planejamento administrativo da UFPel, para este ano era previsto o montante de R$ 74 milhões para custeio. Entram nesta fatia orçamentária gastos como limpeza, motoristas, vigilância, subsídios ao Restaurante Universitário (RU) e contas de água, luz, telefonia. Com o bloqueio, estão disponíveis apenas R$ 51 milhões.

Ainda para investimentos, isto é, manutenção de prédios, compra de equipamentos, atualização de laboratórios, entre outros, estavam previstos R$ 9,3 milhões e, com o bloqueio, estão disponíveis apenas R$ 2,3 milhões. O restante dos recursos, na ordem de R$ 670 milhões, é relativo a salários e aposentadorias e não pode ser manejado pela administração. Conforme dados apresentados nas assembleias, o bloqueio é de 34,9% dos recursos realmente utilizados para as atividades universitárias.

Em uma apresentação feita a estudantes, na semana passada, Hallal apresentou os dez principais gastos em custeio, responsáveis por manter as portas abertas e as atividades minimamente em funcionamento, que somam um total de R$ 57,6 milhões.