Iniciativa
Contra a insalubridade residencial
A iniciativa é fruto de uma rede de parcerias que tem como intuito beneficiar famílias que necessitam modificar partes das habitações com baixo custo
Paulo Rossi -
Prover assistência técnica pública e gratuita para projetar e construir residências é um dever do estado com os cidadãos que vivem com renda mensal de até três salários mínimos, segundo a Lei Federal 11.888/2008. Enquanto os órgãos responsáveis não conseguem suprir essa demanda, o serviço parte para a iniciativa privada. Em Pelotas, a empresa Eficiobra fornece um pacote de serviços com custos baixos e acessíveis. O projeto faz parte do Centro de Incubação de Empresas da Região Sul (Ciemsul), ramo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), localizado no Parque Tecnológico.
"A gente anda pelas periferias da cidade e vê sempre uma obra inacabada". A lembrança da arquiteta Cristina Rozisky, coordenadora geral da Eficiobra, é uma das motivações da iniciativa. No último ano, o projeto visitou os moradores do loteamento Uruguai. Lá, os três sócios realizaram um diagnóstico nas casas das famílias interessadas em reformas de problemas pontuais e sete delas firmaram contrato e se tornaram os primeiros clientes da empresa. Os moradores realizaram um cadastro para o cálculo da renda mensal, fator principal para participar das ações.
Além de fazer uso da Lei 11.888/2008, no qual exige a assistência pública às reformas, a empresa possui outro pilar principal. O foco em habitações populares se dá por várias pesquisas que comprovam a influência do estado da habitação na saúde dos moradores, afirma Isadora Passeggio, graduanda em Engenharia Civil que coordena a parte de orçamento dos projetos de obras. Doenças respiratórias são as principais enfermidades que surgem a partir de construções insalubres. O objetivo da Eficiobra é sanar esses problemas, de forma pontual, nas habitações das famílias que passaram pelo cadastramento. Outras questões como a falta de ventilação e iluminação natural e grande quantia de umidade são comuns em habitações danosas aos moradores.
O início das obras depende de uma gama de parcerias que ainda está em construção. Como afirma o gerente de obras da empresa, Caco Pestano, "estamos tecendo uma rede". A fim de conseguir o financiamento dos materiais, as parcerias começaram a ser construídas nos últimos meses de 2018, entre empresas de materiais de construção, a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (SHRF) - que participa com o projeto Banco de Materiais, o Instituto Federal Sul-riograndense, atuando por meio da mão de obra dos técnicos em Edificações, e a UCPel, mantenedora da incubadora. A previsão para o início das reformas é a primeira quinzena de março.
A empresa é uma criação dentro ramo de empreendedorismo social, no chamado "Setor 2.5". O meio faz alusão à metade do caminho entre o segundo setor, formado pelas empresas com fins lucrativos, e o terceiro, das ONG's. Assim, as reformas nas habitações populares são calculadas com um baixo custo, a partir da rede de parcerias que fornece os materiais e parte da mão de obra, e com a possibilidade de parcelamento do valor da construção em até 24 vezes. Os valores, segundo Cristina, circulam na casa dos R$ 5 mil e R$ 10 mil.
Financiamento
Até a primeira semana de março, a Eficiobra está com um financiamento coletivo online com o objetivo de comprar os materiais necessários para iniciar a reforma nas casas das sete famílias - outras nove moradias já estão na lista de espera da iniciativa. Segundo explica o gerente de obras, embora a rede de parcerias esteja em construção, não há como prever a quantidade de material que será necessária para dar partida nas ações. Para participar, basta acessar o site Kickante e buscar por reformas de habitações com interesse social. Empresas de materiais de construção também podem ajudar, entrando em contato pelo (53) 98127-4599.
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