Alerta

Um alerta para o próximo verão

O surgimento de animais peçonhentos em Pelotas e região vem preocupando especialistas, que tentam alertar a população a fim de evitar acidentes

Paulo Rossi -

As altas temperaturas registradas nos últimos meses em Pelotas  e em outros municípios da Região Sul atraem animais peçonhentos, aqueles capazes de produzir veneno e injetá-lo através de glândulas. Somado ao calor, está o crescimento populacional e, consequentemente, a urbanização, que leva a população a construir moradias em locais que, antes, eram habitados por esses animais. O costume de matar lagartixas, sapos e aves - considerados predadores naturais - também contribui para o caos ambiental. Ainda é fevereiro, mas o número de acidentes provocados por estas espécies preocupa quem busca, através de pesquisas, encontrar formas para alertar.

Fabrício Calçada da Silva é biólogo e estuda esses episódios desde 2006. Ele é coordenador do projeto Animais Peçonhentos de Pelotas, que agora conta com um laboratório próprio no Instituto Educacional Dimensão, cedido pela escola. Lá, uma equipe especializada - que contará com ex-alunos da instituição - terá a sua disposição materiais específicos para pesquisar, catalogar e tentar entender os motivos que levam os animais a se proliferarem. Tudo isso porque, segundo o biólogo, o aumento do número de pessoas que foram picadas por diferentes espécies cresceu significativamente de 2018 para cá. "Isso está chamando a nossa atenção", afirma.

Animais que nunca haviam sido registrados, agora estão aparecendo. Porém, Fabrício ressalta que "isso não quer dizer que eles já não existiam aqui". É comum confundir animais devido a semelhanças entre espécies. A maioria, no entanto, não é perigosa. É o caso do escorpião-preto, que não oferece riscos. Porém, o escorpião-amarelo e a aranha-marrom são exemplos de espécies capazes de envenenar suas vítimas. Eles são animais termorreguladores, ou seja, procuram se deslocar para locais com maiores temperaturas externas. Por isso, o número de acidentes cresce aqui. No último semestre de 2018, foram dois casos de acidentes com escorpião-amarelo em Pelotas. Agora, são mais dois registros.

Ainda de acordo com Fabrício, há muito tempo os profissionais tentam alertar a população quanto aos perigos e aos cuidados que se deve ter. Para ajudar nesse processo, a equipe do projeto irá identificar as espécies e realizar um monitoramento dos registros de acidentes. Dados como número de picadas e em quais bairros as ocorrências foram mais recorrentes serão recolhidos. Dessa forma, será possível se preparar para o próximo verão. É importante que a população saiba quais procedimentos devem ser feitos para evitar que o número de acidentes suba ainda mais a cada ano. O objetivo é ajudar a prefeitura e incentivar a difundir medidas de prevenção, principalmente nos locais de maior incidência. "Nesse ano tivemos problemas, mas pode piorar", finaliza.

O que fazer ao ser picado?
Fabrício da Silva lamenta o fato de não haver biólogos no Pronto-Socorro de Pelotas (PSP). O ideal, portanto, seria os médicos, ao receberem pacientes com picadas, ligarem para os profissionais para ter certeza qual a espécie foi responsável. Porém, antes de chegar ao hospital para tomar o soro específico, o correto é passar gelo no local da ferida e evitar movimentos bruscos. Ao contrário do que muito se acredita, utilizar torniquetes não é recomendável. Além disso, não se deve tentar extrair o veneno por conta própria.

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