Cadeado e correntes presos às grades. Uma fita amarela fixada na porta de entrada serve de alerta. A Escola Municipal Joaquim Assumpção, na rua Almirante Barroso, está parcialmente interditada pelo Corpo de Bombeiros desde o final da tarde de terça-feira (17). Ainda não é possível afirmar quando serão retomadas as aulas aos cerca de 550 alunos. Problemas visíveis, como o descolamento de placas de reboco e também na estrutura do telhado - na área administrativa, mais à frente do prédio - levaram à interdição, após visita ao local.

Ao conversar com o Diário Popular, o sargento do Corpo de Bombeiros, Fabrício Madruga, foi enfático: "Até ter a regularização total do Plano de Prevenção, concomitante com o laudo atestando a segurança, ele vai permanecer interditado". O fato de a construção abrigar uma instituição de ensino, com circulação de crianças e jovens, pesou para a decisão. O sargento reiterou, entretanto, que as patologias seriam mais evidentes no pavimento superior e concentradas na área administrativa. Por isso, a interdição é parcial.

O DP esteve na Escola Joaquim Assumpção, no começo da tarde desta quarta-feira (18), mas não teve acesso ao prédio. Uma vistoria deve ser feita, possivelmente nesta quinta, por engenheiro da prefeitura com curso em Patologia, para que o governo esteja em condições de elaborar laudo sobre as condições da construção. O secretário de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana, Jacques Reydams, esteve no local. Como engenheiro civil, realizou avaliação prévia, voltou às atenções ao telhado - inclusive com imagens captadas com auxílio de um drone - e sustentou que não existiriam sintomas que representassem comprometimento da estrutura do madeiramento ou maior risco.

"Não identificamos sintomas de trincas e de fissuras nem sinais de infiltração. Também não vimos nenhum sintoma mais comprometedor ou drástico de colapso da estrutura", afirmou, ao lembrar que também analisou paredes do primeiro andar. Ainda que com cautela nas declarações, Jacques tachou de conservadora a interdição determinada pelo Corpo de Bombeiros.

À espera de definições
Uma reunião nesta quinta a partir das 9h colocará questões práticas, para volta às aulas, em pauta. O secretário de Educação e Desporto, Artur Corrêa, fez duas ponderações principais. Garantiu que avaliação preliminar já teria apontado que problemas registrados no prédio estariam relacionados com a antiga falta de manutenção em calhas, mas não representariam perigo. Por isso, as atividades, até então, não teriam sido suspensas. Corrêa também destacou o fato de o casarão ser tombado; o que cria uma série de cuidados e regras para implementação de qualquer obra.

"Por precaução, estamos trabalhando com o Plano B, de utilizar salas no Colégio Dom João Braga, e com Plano C, de usar algum espaço da UCPel", adiantou.

São respostas que a comunidade escolar aguarda. A estudante do projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Dorocilda Mendes, 65, tentava informações, na tarde desta quarta, mas deixou o local sem saber quando poderá retomar os estudos. Aos 61 anos, sem saber ler e escrever, a moradora da Sanga Funda tomou decisão nobre e sempre em tempo: foi em busca de conhecimento e não parou mais. "Vai ser tão triste se tiver que parar, bem agora que já tá mais no final do ano", lamentou, antes de seguir caminho.

Quem também se surpreendeu com as portas cerradas foi a jovem Rafaela Kaufmann, 20, que procurava a Joaquim Assumpção para obter documentação que permitisse a transferência de vaga da filha Maria Luiza, de quatro anos, para escola no Balneário dos Prazeres. "A minha filha estuda no anexo da Pré-escola, que fica lá no Dom João Braga, e nem sabia da interdição. Agora vou ver como resolvo, tinham me dito que o prazo terminava hoje".