A exemplo das Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), onde pais e responsáveis podem deixar seus filhos para poder trabalhar, a Prefeitura de Santa Vitória do Palmar ao voltar o olhar para o envelhecimento da população, que pelo último Censo do IBGE corresponde a 21,25% dos habitantes, inaugurou na quinta-feira (14) uma creche para idosos. O Centro de Convivência Bem Me Quer vai permitir aos filhos que não têm onde deixar seus familiares que precisam de cuidados, poderem exercer a jornada de trabalho mais tranquilamente. No fim do expediente, todos voltam ao convívio familiar.

De acordo com o prefeito Wellington Bacelo (MDB), esta é a primeira creche pública para idosos, onde eles receberão atenção, sendo supervisionados por uma equipe de educadores sociais e assistentes sociais. O horário de funcionamento será das 13h às 18h30min e a capacidade inicial é para 20 idosos encaminhados através do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), pois já são acompanhados pelo serviço.

A secretária de Assistência Social e Cidadania do Município, Tailerise Bacelo Berruti, explica que a ideia surgiu a partir de acompanhamentos realizados por equipe especializada da pasta e que informaram à gestão sobre a demanda de idosos que necessitam de cuidados da família, mas que estes precisam trabalhar fora e ficam preocupados em não conseguir suprir todo o cuidado que a pessoa mais velha requer.

No local serão desenvolvidas atividades como oficinas diversas, atividade física, atendimento com terapeuta ocupacional, nutricionista, técnica de enfermagem, fisioterapeuta. "Estou emocionada com a abertura desse espaço, pois é chegado o momento do Poder Público dar sua contrapartida para aqueles que tanto fizeram por nossa cidade. O cuidado com os idosos é nosso dever", garantiu. A secretária acredita que este projeto pode servir de exemplo para demais municípios do RS.

Conforme o Censo do IBGE, de uma população de 30.983 habitantes em Santa Vitória do Palmar, 6.586 têm mais de 60 anos. Já a faixa etária dos 0 aos 14 anos são 5.541 pessoas, ou seja, 17,88% da população, percentuais que estão acima da média nacional e demonstra que a população está envelhecendo mais.

Índice de envelhecimento

Pelo Censo de 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais de idade no país era de 22.169.10, que corresponde a 10,9% da população, além de representar uma alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 14.081.477. Já a população idosa de 60 anos ou mais é de 32.113.490 (15,6%), um aumento de 56,0% em relação a 2010, quando era de 20.590.597 (10,8%).

A gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Izabel Marri, explica que o Estatuto do Idoso define como idoso a pessoa de 60 anos ou mais e que o corte de 65 anos ou mais foi utilizado nesta análise para manter comparabilidade internacional e com outras pesquisas que utilizam essa faixa etária, como de mercado de trabalho, por exemplo. Um dado que chama a atenção é o comparativo do aumento da população de 65 anos ou mais com a diminuição da parcela da população de até 14 anos, que passou de 24,1% para 19,8%. "Isso evidencia o franco envelhecimento da população brasileira". Este índice de envelhecimento é calculado pela razão entre esses dois grupos de população. Quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população. No Brasil, esse índice chegou a 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice de envelhecimento era menor, correspondendo a 30,7.

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