Saúde pública
Crise na Santa Casa ainda pode se transformar em greve
Risco de os funcionários paralisarem as atividades, em Pelotas, permanece
Jô Folha -
Não deixe a Santa Casa morrer. O apelo se propagou por ruas centrais de Pelotas, na manhã e na tarde desta quarta-feira (12), em duas caminhadas. O risco de os funcionários deflagrarem greve a partir desta quinta não está descartado. Tudo dependerá das negociações para o pagamento de 70% dos salários de agosto, que permanecem pendentes. A categoria ainda reclama da falta de condições de trabalho e denuncia a escassez de materiais para procedimentos, além de itens básicos, como lençóis e papel higiênico.
A interrupção de serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também preocupa. Nos últimos meses, o hospital já fechou 40 leitos clínicos e a maternidade. Agora, é o funcionamento da traumatologia que está ameaçado. Tudo pelo mesmo motivo: defasagem na tabela do SUS há 14 anos e repetidos atrasos no repasse de verbas do Governo do Estado, que desestabilizam ainda mais as finanças. Atualmente, o déficit mensal chega a R$ 1,3 milhão.
"Não podemos esperar para salvar vidas. Temos que unir forças. Por isso, estamos aqui para fazer este pedido de compaixão", afirmou a presidente do Sindisaúde, Bianca Macedo da Costa, ao integrar comissão recebida pelo vice-prefeito Idemar Barz (PTB) e pela secretária de Governo, Clotilde Victória, no começo da tarde. Na oportunidade, os trabalhadores realizaram a entrega de documento com assinaturas colhidas para reforçar o clamor de a prefeitura liderar o processo de busca por soluções.
Afinal, a cada nova estrutura que interrompe o atendimento na Santa Casa, os reflexos chegam, inclusive, ao Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) e, claro, afetam diretamente a população. Ao se pronunciar, Idemar Barz garantiu que o governo está pronto para colaborar. "Reconhecemos e lamentamos toda esta situação. Temos que achar uma saída, mas para isso os governos estadual e federal também precisam fazer suas partes".
A Câmara de Vereadores deve ser procurada nos próximos dias. A formação de uma comitiva para buscar apoios em Porto Alegre também já é cogitada.
Duas caminhadas e um mesmo propósito
Pela manhã, cerca de 150 pessoas deixaram a frente da Santa Casa e partiram rumo à prefeitura, onde, em palmas, fizeram coro de "Saúde unida jamais será vencida" e "Santa Casa". Cartazes de Todos pela Santinha, Somos solidários, Saúde em luto, Santa Casa pede socorro e Salário parcelado há mais de um ano procuraram chamar a atenção da comunidade. O movimento foi liderado pela direção do hospital e contou com adesão de alunos da escola Dimensão.
À tarde, foi a vez de a mobilização encabeçada pelos funcionários sair às ruas. Narizes de palhaço, apitos, cornetas e cartazes ajudaram a propagar um mesmo apelo, transformado em faixa: Não deixe a Santa Casa morrer.
Reivindicação deve chegar à Brasília
Ao participar da manifestação, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Belletti, afirmou que a entidade elabora documento que buscará forçar o reajuste da tabela do SUS, que alastra dificuldades no caixa de diferentes hospitais pelo país. A intenção é de que o texto seja aprovado em plenária estadual, ganhe versão nacional e chegue à Ordem dos Advogados do Brasil, como apelo para a OAB ingressar com ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e exigir que o governo federal eleve os valores.
"Essa situação está atingindo toda a população. Precisamos que a OAB nos ajude e interceda junto ao Supremo, que é o órgão máximo para cobrar a União", reforçou Belletti. Contatos também já foram feitos junto ao Ministério Público Federal (MPF) em Pelotas.
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