Desafios

Deficientes visuais redobram cuidados com a Covid-19

Necessidade de atenção com áreas de contato provocam adaptações no dia a dia

Carlos Queiroz -

Carlos Queiroz 57472

O casal Edi e Haroldo passaram a reforçar a organização da casa durante o isolamento (Foto: Carlos Queiroz - DP)

Em tempos de Covid-19, os deficientes visuais precisam redobrar seus cuidados. O contato manual acaba sendo a principal maneira de interação do grupo e justamente também é por onde ocorre o contágio. Com isso, os deficientes visuais acabam ficando ainda mais expostos ao novo coronavírus. 

A estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Samira Silveira, 22, precisou adotar novos hábitos desde o início da pandemia. Agora é regra: celular, notebook, bengala e os móveis são higienizados diariamente com álcool 70%. "A bengala em todos os gomos e dobras", completa. A futura jornalista sempre anda acompanhada quando tem compromissos externos e isso faz com que o braço do acompanhante seja seu principal apoio. Agora, ela evitar segurar pela região do antebraço - indicado para cobrir os espirros. "Só apoio minha mão no ombro e depois higienizo", conta.

A situação de Haroldo Maciel, 54, não é muito diferente. O aposentado costumava realizar tarefas, inclusive as compras, sozinho. Como está em quarentena e obedecendo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), quem ficou responsável pelo supermercado foi a filha. "Assim minha esposa e eu não saímos de casa", diz. Maciel sofre de visão baixa, então algumas atividades consegue realizar sozinho e a bengala acaba sendo um acessório utilizado esporadicamente. Quando ia ao Centro da cidade contava com a boa vontade das pessoas, que sempre se ofereciam para ajudá-lo a atravessar a rua, por exemplo. Como fica a maior parte do tempo em casa, o aposentado diz não saber como está o receio das pessoas em relação a auxiliar quem precisa, já que a dica é manter o distanciamento social.

Maciel é casado há 31 anos com Edi Maciel, que também é deficiente visual. A aposentada sofre de ceratocone - enfermidade que afeta a estrutura da córnea - desde que nasceu e por isso quase toda sua visão é comprometida. Ela também segue em casa de quarentena, contando com o auxílio da filha para as compras essenciais. Os cuidados da dupla, segunda ela, são básicos, mas essenciais. "Muita água e sabão para lavar as mãos", diz. Outro ponto destacado é que agora, ainda mais do que antes, o casal cuida muito da organização dos móveis e utensílios. "Se sair uma coisa do lugar é complicado de achar", frisou. Passar a maior parte do tempo em casa exige pequenas modificações, mas necessárias para manter a harmonia. "O importante é zelar pela nossa saúde", afirmam. 

O que a escola Louis Braille diz?

A orientação principal da escola é sair de casa somente em caso de necessidade. "Manter distância nos lugares que se faz necessário, lavar as mãos e usar álcool em gel", completa a vice-diretora Karina Monteiro. A instituição vem seguindo as orientações da OMS em relação aos cuidados e garante reforçar as dicas nos grupos de Whatsapp que possuem com os alunos. Além disso, o pedido é de atenção redobrada para os que usam a bengala. "Devem mantê-la sempre limpa e passar o álcool e quando a necessitar da ajuda de alguém, fazer a higiene das mãos", salienta. A vice-diretora explica que os cuidados não são diferentes, mas toda atenção é pouca pelo fato deles não enxergarem onde estão tocando e com isso acabarem se contaminando. Com a nova recomendação da OMS, a Louis Braille também salienta o uso das máscaras. "Todos protegidos", afirma Karina.

 

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