Comunicação

Dia da Liberdade de Imprensa para valorizar a autonomia e qualidade da informação

Celebrado no Brasil neste 7 de junho, data convida à reflexão sobre a importância disso para a sociedade

Foto: Carlos Queiroz - DP - A data celebra um manifesto assinado por três mil jornalistas em 1977

Os meios podem mudar - jornal, rádio, televisão, revista, internet - mas o bom jornalismo continua prezando, sempre, por valores que são inegociáveis, entre eles a busca da verdade objetiva, o interesse público, a precisão, os direitos humanos e a democracia. Nenhum desses ideais existe sem um princípio fundamental: a liberdade. No Brasil, 7 de junho marca o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.
A data celebra um manifesto assinado por três mil jornalistas em 1977. Em plena ditadura militar, sob o governo de Ernesto Geisel, profissionais se uniram contra a censura prévia, que assombrava as redações, e contra a ditadura, que menos de dois anos antes prendeu, torturou e matou o jornalista Vladimir Herzog.

Agora, mesmo sob um regime democrático, continua premente a defesa da liberdade de imprensa. Em 2023, o Brasil ocupa a 92ª posição no ranking de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, que revela a situação do jornalismo em 180 países. Apesar de ter subido 18 posições (em 2022 ocupava a 110ª), o Brasil continua atrás de países como a Ucrânia, em plena guerra contra a Rússia. O primeiro país neste quesito é a Noruega.

Embora possa muitas vezes parecer um conceito distante, a liberdade de imprensa é essencial não só para garantir a cobertura de assuntos de políticos em nível macro ou escândalos de corrupção. No cotidiano, é a autonomia dos veículos de comunicação em informar e noticiar, assegurada pela legislação, mas também fundamentalmente por suas posturas jornalísticas, que garante a qualidade e confiabilidade do que chega ao leitor de um jornal, por exemplo.

Professora do curso de Jornalismo da UFPel, Silvia Meirelles explica que a liberdade de imprensa não se refere a uma permissão para publicações sem critérios. “A gente está falando da divulgação de informações com responsabilidade e devidamente checadas. A gente também está falando que o cidadão tem direito a informação de interesse público”, diz. “Não existe democracia sem liberdade de imprensa”, sentencia.

A professora diz ainda que, com o fim da ditadura militar, a retomada da liberdade de imprensa veio acompanhada de avanços sociais e democráticos. “A imprensa teve que encarar os seus erros. Veículos importantes do Brasil apoiaram a ditadura militar. O jornalismo teve que pensar que tipo de jornalismo a gente quer fazer”, avalia, ressaltando que o amadurecimento da atividade inclui enxergar os erros e mudar posturas.

No mesmo sentido, o professor do curso de Jornalismo da UCPel, Marcus Spohr, avalia que é necessário o público conseguir diferenciar informações de credibilidade daquelas potencialmente falsas. “Precisamos formar pessoas com a capacidade de selecionar o que, de fato, é verdade. Um receptor crítico, o qual dará, inclusive, ainda mais crédito para a mídia coerente”, argumenta.

No século 21, novos desafios
Agora, o debate sobre a liberdade de imprensa passa por outros dois desafios: a dinâmica das redes sociais e a judicialização de pautas. “A gente tem um briga constante. Jornalistas sendo processados e reportagens que passaram por todo um processo de checagem sendo impedidas de serem divulgadas porque não atendem a determinados interesses”, diz Silvia.

No ambiente das redes, os obstáculos ao acesso à informação são os algoritmos de redes sociais, que filtram conteúdos noticiosos e muitas vezes favorecem a propagação de fake news. “Essas grandes empresas acabam interferindo em quais informações estão sendo divulgadas”, alerta a professora.

Ainda na dinâmica das redes, Spohr diz que os espaços na internet precisam priorizar o conteúdo produzido pelo jornalismo profissional, exercido por veículos reconhecidos, com responsabilidade e métodos claros de apuração, checagem e busca pelas diferentes versões. “Um monte de dados falados por pessoas despreparadas jornalisticamente é diferente de uma série de dados apurados com seriedade e técnica jornalística”, destaca.

A data
Além do dia nacional, celebrado hoje, há também o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em 3 de maio. A data foi criada em 1993 pela ONU e celebra o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz que “todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão”. A data foi escolhida após a Declaração de Windhoek, de 1991, que defendia a liberdade de imprensa nos países do continente africano.

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