Saúde em crise

Dia de protesto de funcionários do Hospital de Caridade de Canguçu

Sem contrato com o governo do Estado desde o final de janeiro, repasses não serão efetuados, o que tende a agravar situação

Paulo Rossi -

A semana começa com manifesto em frente ao Hospital de Caridade de Canguçu. Os funcionários reúnem-se a partir das 13h em protesto para cobrar salários atrasados, 13º de 2016 e de 2017 e férias. E o pior: não há previsão de pagamento. O titular da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, Gabriel Andina, confirmou ao Diário Popular: sem a nova contratualização assinada, a instituição não receberá recursos. Nem os atrasados. E o mais grave: também não há data definida para o contrato ser firmado.

O impasse - e a demora - se refere às condições de o hospital, efetivamente, prestar os serviços prometidos no novo plano. É o caso das cirurgias eletivas, que voltam a aparecer na proposta, mas não têm sido realizadas nos últimos meses. "Não podemos correr o risco de criar um vazio assistencial; deixar de aditivar com outro hospital e, depois, Canguçu não realizar o serviço", argumenta Andina. Mas garante que o objetivo é o de assinar a papelada o mais rápido possível.

O gestor administrativo do Hospital de Caridade, Mário Luiz Fonseca, assegura que na assembleia geral da última quinta-feira os médicos teriam se comprometido em retomar as cirurgias, apesar dos valores que têm por receber. O número de procedimentos, entretanto, seria reduzido: apenas dois por mês; a mesma média realizada antes da interrupção.

Serviços cancelados
A contratualização, em fase de tratativas com o governo do Estado, ainda prevê o enxugamento de serviços. Os exames laboratoriais devem cair, agora oficialmente, pela metade. Ao invés de nove mil exames oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por mês, seriam 4,5 mil. "Já vínhamos enfrentando dificuldades em realizar o que estava contratado em função dos custos elevados para análise", explica o gestor administrativo.

A área de fisioterapia também será afetada pelos cortes. A expectativa é de que os atendimentos sejam extintos. Ou seja: as 1,1 mil sessões realizadas por mês em caráter ambulatorial, para a comunidade em geral, devem deixar de ser realizadas pelo mesmo motivo: cortar custos com profissionais. Agora, a fisioterapia tende a ser prestada apenas aos pacientes internados no hospital - explica Mário Fonseca.

E quais as soluções para crise?
Representante de uma empresa de Santa Catarina, especializada em gestão hospitalar, estará em Canguçu no dia 16 deste mês para dar início a diagnóstico financeiro-administrativo, que ajudaria a embasar soluções para o futuro. O cenário de grave crise se arrasta há anos. O endividamento total beira os R$ 25 milhões.
"A situação do Hospital de Caridade é a mais delicada de toda a região. É uma situação, realmente, muito difícil", preocupa-se o titular da 3ª CRS.

Verba também retida
A liberação de aproximadamente R$ 400 mil de uma emenda parlamentar - que permitiria o pagamento dos salários de fevereiro aos mais de 180 funcionários, além da terceira de seis parcelas do 13º salário de 2016 - também estaria condicionada à assinatura da nova contratualização entre o hospital e o governo do Estado. É mais uma razão para o impasse se desfazer.

Nas duas pontas há espera. De um lado, os trabalhadores do próprio hospital. De outro, moradores da Zona Sul, que têm a instituição de Canguçu como uma das referências para atendimento.

 

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