História

Direto do passado

Cápsula do tempo enterrada em 1931 é resgatada pela prefeitura na praça Coronel Pedro Osório

Paulo Rossi -

Enterrada na base do monumento a Yolanda Pereira, na praça Coronel Pedro Osório, uma caixa metálica foi deixada para as gerações futuras. O objeto deveria ser retirado cinco décadas depois, em data comemorativa. Porém, o tempo fez seu trabalho e deixou a homenagem no passado, esquecida. A história ganhou um novo capítulo na tarde desta terça-feira (7), quando uma equipe da prefeitura escavou o local e encontrou a urna. 

A suspeita foi levantada pelo pesquisador Guilherme Pinto de Almeida, que, durante o projeto do Almanaque do Bicentenário, encontrou registro da existência do objeto, que teria sido disposto no local em 16 de outubro de 1931, durante a cerimônia de colocação da pedra fundamental do marco-coluna. O mesmo seria inaugurado após três semanas.

Apostando na permanência da caixa no pé do monumento, Guilherme desenvolveu pesquisa, com apoio do OtroPorto - Indústria Criativa junto da Sagres e CMPC, que fundamentasse a retirada da cápsula do tempo. O documento foi encaminhado à Secretaria de Cultura, que decidiu averiguar a situação em período que transcorrem as obras de revitalização da praça. Veio, então, a confirmação: a urna estava no lugar em que foi colocada há 88 anos.

"É um momento histórico", definiu a prefeita Paula Mascarenhas. A expectativa reside no que será encontrado dentro da caixa. O produtor cultural do OtroPorto, Duda Keiber, acredita que o objeto contém esperança. "Pode ter vindo do passado, mas resgata a nossa história. Espero que traga mais reflexão sobre a história de Pelotas e contribua para o reconhecimento da pesquisa", comenta.

Enferrujado, o objeto deve passar por processo de higienização externa. Apesar da presença de uma pequena chave, a oxidação não permite que gire e revele o conteúdo. As tentativas para encontrar um mecanismo de abertura, sem danos, serão realizadas a partir desta quarta-feira pela restauradora e conservadora Fabiane Moraes.

Documentos apontam que a caixa de ferro, esmaltada de azul e ouro, guarda a ata da solenidade, um retrato de Yolanda Pereira, com autógrafo; clichês das moedas de prata que o ministro da Fazenda, José Maria Whitaker, mandou cunhar, com a efígie de Miss Universo 1930, representando a Segunda República; números dos periódicos O Libertador, Diário Popular, Clube Caixeiral, Correio Mercantil, Opinião Pública, A Luz, Diário de Notícias, A Noite e um exemplar do Almanaque de Pelotas, todos com textos a respeito da campanha de Yolanda ao título.

Devido ao peso, Fabiane acredita que tenha entrado água na caixa, o que provavelmente comprometeu a integridade dos papéis. "É difícil terem sobrevivido. Deve conter apenas resquícios", adianta. Ainda não há data para a abertura oficial da urna. Dependendo do que for encontrado, é possível que uma nova cápsula do tempo seja enterrada na praça, vindo a repetir o feito para futuros pelotenses.

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