Celebração
Em luta para estar nos palcos
No Dia Nacional do Teatro, o DP também destaca a trajetória do curso de graduação da UFPel, que completa uma década em 2018
Divulgação -
O dia é de celebração. E, realmente, deve ser. É preciso exaltar os profissionais que lutam - quase sem incentivo - para colocar de pé um espetáculo de teatro no Brasil. No Estado. Ou em Pelotas. O Diário Popular aproveita o 19 de Setembro - em que se comemora o Dia Nacional do Teatro - e destaca a trajetória do curso de graduação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que completa uma década em 2018.
Aliás, é ali, na academia, que tem brotado grande parte dos grupos e das produções que sobem aos palcos e tomam as ruas de Pelotas nos últimos anos; apesar de apoios restritos. As datas, juntas, também servem para reflexão de dois pontos centrais. A necessidade de as escolas da Educação Básica, públicas e privadas, disponibilizarem espaços e estrutura de trabalho que considerem a disciplina de Arte não apenas como manifestação das Artes Visuais; para justamente absorverem o fluxo de estudantes que concluem a licenciatura de Teatro todos os semestres, Brasil afora. E mais: é preciso cobrar investimentos que garantam a circulação dos espetáculos.
“Vivemos em um país em que os governos veem o investimento na arte, que escancara as hipocrisias da sociedade, como ameaçador”, destaca o coordenador do curso de Teatro da UFPel, professor Daniel Furtado da Silva. E faz questão de enfatizar que, em países desenvolvidos ocorre, exatamente, o processo contrário: valoriza-se a arte, como instrumento de fomento ao potencial criativo dos cidadãos e de transformação da comunidade.
A própria existência do curso e a formação de público - com olhar sobre as novas gerações - podem, aos poucos, reverter o cenário sombrio. É a aposta.
O desafio de espantar o desânimo
O professor Paulo Gaiger também conversa com o DP, afirma que o saldo destes dez anos de curso é positivo, mas assegura: o Theatro Sete de Abril “enclausurado” desde março de 2010 e o Teatro do COP de portas cerradas transformam-se em símbolos do que deixa de ser produzido em Pelotas. Ao invés de planos para manter os espaços consagrados em efervescência, gera-se desânimo.
A criação de políticas microrregionais para incentivar a circulação de espetáculos, não só de teatro, também precisa ser priorizada - defende Gaiger. Não raro, os grupos injetam um tanto de energia para uma montagem, correm atrás de recursos, focam-se emensaios e o contato direto com a plateia - que justifica todo o esforço - mal passa da data de estreia. Não há verba para rodar e manter-se em cartaz. “Os órgãos públicos precisam estabelecer uma articulação, que torne a circulação possível, ao menos, entre as regiões”, enfatiza.
Saldo positivo
Atualmente, em torno de cem estudantes dão vida ao curso de Teatro da UFPel. A partir de 2019, será oferecida Especialização em Artes Cênicas - Teatro e Dança. Oprojeto para o mestrado em Artes contemplar linhas de pesquisa em Teatro segue nos planos, mas ainda precisa de análise do Ministério da Educação para reconhecimento e só deve ficar para os anos de 2021 ou 2022.
A necessidade de investimentos em um espaço apropriado para as apresentações, hoje realizadas na Sala Carmen Biasoli, desponta entre as reivindicações para melhoria. Tanto aos estudantes quanto para o público, que ficaria mais bem acomodado.
É possível criar, sim
As condições estão longe de ser as ideais. Eles sabem. Mas as adversidades não têm impedido que novos grupos se formem em Pelotas. É o caso do Coletivo MeiaOito, com dois anos de estrada e 12 integrantes. No mês passado, os estudantes da UFPel voltaram do 13º Festcarbo, em Arroio dos Ratos, com várias premiações na bagagem. A comédia Cartão Postal ganhou em cinco categorias: ator coadjuvante, direção, conjunto de atores, espetáculo e melhor espetáculo pelo júri popular.
Até o final do ano, a série de três a quatro ensaios semanais deve se converter em mais duas montagens: Os mamutes e Oslo - conta um dos fundadores do Coletivo, Lucas Galho. “Temos uma preocupação não só com o trabalho de ator, mas em formar uma identidade e debater o papel da arte na contemporaneidade”, reforça o artista, de 32 anos.
E, ao comentar como eles têm procurado driblar as dificuldades com a falta de apoio - com a promoção, inclusive, de festa para arrecadar fundos -, Lucas defende a formação de rede com outros grupos. Entre os objetivos: ganhar peso para a cobrança de espaços alternativos e, quem sabe, obter reforços para a compra de equipamentos como os de iluminação, que poderiam baratear custos e dar mais autonomia aos atores, na hora de decidir onde se apresentar.
► Programação no Ânima Cultural
O quê
EnCena, um projeto que une Stand Ups, monólogos, esquetes e encenações
Quando
Hoje - para celebrar a arte da encenação
Horário
19h
Local
Ânima Cultural - praça Coronel Pedro Osório, 62
Ingresso
Sem couvert artístico
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