Agronegócio
Projeto pretende aproveitar espaço de aviários para criação de camarões
Iniciativa para utilizar tanques no cultivo do crustáceo deverá em breve ser implementada na Cascata
Jô Folha -
Um projeto pioneiro na Zona Sul para a criação de camarões em tanques, longe do ambiente tradicional, está em vias de ser implementado na zona rural de Pelotas. A iniciativa, com alto potencial de rentabilidade, surge também como alternativa aos aviários que acabaram ficando em desuso desde o fechamento do frigorífico da Cosulati.
A Associação dos Aquicultores do Rio Grande do Sul (Aargs) estima haver pelo menos uma centena destes espaços desocupados apenas em Pelotas. E os vê com um grande potencial para a iniciativa. O diretor-presidente da Aargs e chefe do Departamento da Pesca e Aquicultura da Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR) de Pelotas, Cleiton Molina, explica que estes locais já são aparelhados e cobertos. Esta proteção facilita o controle da temperatura para a criação dos camarões em viveiros (carcinicultura). Desta forma, o aproveitamento do aviário surge como um facilitador para diminuir despesas iniciais de quem investir na área.
Um dos pioneiros no projeto, Luciano Farias aproveitou essa oportunidade para realizar o sonho de criar camarões em cativeiro, seu desejo desde que viu uma iniciativa similar na Bahia. Ele arrendou uma propriedade com um aviário desativado no Passo do Boi Magro, Cascata (5º distrito) e está aproveitando o local para implementar seus tanques. "O local era aparelhado. Facilita muito a estruturação e implementação", garante. Ainda aguardando licenças ambientais e certificação de sua firma, acredita que em cerca de 20 dias após as liberações poderá pôr o criatório em prática. Inicialmente irá implementar dois tanques com tamanhos de 9 x 15 metros. Cada galpão possui espaço para até seis reservatórios, que são elevados. Isto é, acima do chão, com base de madeira e revestidos com uma lona especial, de gel membrana.
Cada criatório possui a capacidade de produzir até 405 quilos, dependendo do tamanho desejado do crustáceo. Segundo o biólogo e doutor em aquicultura, João Xavier, responsável técnico pelo projeto, há potencial de até três coletas por ano. No investimento inicial, a aplicação de sal artificial específico para ter a salinidade necessária é imprescindível, mas depois ele tende a se conservar. "Esse sistema também promove a reciclagem do nutriente dentro do próprio tanque", explica. Além dele, são necessários também a aeração e o controle de temperatura do ambiente.
Outros municípios no radar
Segundo Molina, a Aargs e a SDR de Pelotas utilizaram a Estação Marinha de Aquacultura (EMA), de Rio Grande, como fonte de conhecimento e laboratórios para entender como aplicar o projeto. Agora, a expectativa é de chegar aos municípios de Morro Redondo e Canguçu, também com grande estrutura de aviários, já tendo alguns interessados.
Como o custo inicial é elevado, a Aargs pretende conseguir financiamentos para auxiliar os produtores interessados em implementá-lo. Pelas riquezas hídricas da região, a associação é bastante otimista quanto ao futuro da aquicultura. "Possui um poder de crescimento absurdo", garante Xavier. De acordo com o informe conjuntural da Emater, hoje o preço do camarão descascado pode chegar a até R$ 30,00 o quilo.
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