Necessidade

Em queda, voluntariado segue sendo fundamental em abrigos

Até o momento, são 726 pessoas alojadas apenas nos abrigos da Prefeitura

Volmer Perez - DP - Na Escola Edmar Fetter, grupo de voluntários segue atuando e dividindo tarefas

Enquanto se aguarda um novo pico das cheias em Pelotas, diversos moradores cujas casas já foram atingidas, ou estão em áreas de risco para alagamento, seguem refugiados em abrigos ou casas de conhecidos. De acordo com o apanhado divulgado nesta segunda-feira (20) pela Prefeitura, já são 726 pelotenses instalados em oito abrigos pela cidade, desconsiderando os demais locais que não são administrados pelo poder público. Dentro dessas estruturas, quem é acolhido por causa do desastre natural encontra amparo no tratamento recebido por voluntários, pessoas que deixam de lado as próprias vidas para cuidar de várias outras desconhecidas.

O trabalho por pura solidariedade nunca foi tão importante como agora no Estado, mas mantê-lo não é uma tarefa simples. Diferente do que foi visto no momento inicial da tragédia, quando havia um número expressivo de voluntários para prestar ajuda em abrigos e no ponto de coleta de donativos, agora há uma redução de movimento em determinadas esferas do processo. A percepção dessa diminuição vem de quem está vivendo nos abrigos há mais de 15 dias.

Responsável pela organização da escala de voluntários na escola, o acadêmico de Medicina Roger Santos está envolvido na coordenação geral dos voluntários há quase duas semanas. Ele relata que a atenuação do movimento de pessoas auxiliares foi notada, mas o sistema de escalas desenvolvido funciona como antídoto a uma potencial queda no número de voluntários. “Diariamente a gente vai disponibilizando [a escala] e as pessoas vão colocando seu nome, tem até dez voluntários por turno. A gente vai organizando e orientando esses novos voluntários que estão chegando na distribuição das atividades. [...] A gente consegue suprir sempre a questão das nossas necessidades. Claro que quanto mais pessoas conseguirem vir nos auxiliar, melhor”, explica o voluntário. Para colaborar no abrigo, é possível entrar em contato com ele através do telefone (11) 96263-8622.

Outro abrigo em Pelotas está localizado no Câmpus Visconde da Graça (CaVG), do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). Recebendo até o momento 43 famílias, a instituição funciona sob a responsabilidade da assistente social Lucimara Vaila. Ela relata que o trabalho voluntário no local sofreu um enfraquecimento na última semana, especialmente no setor de pets. “A gente tem mais de 50 cães e mais de 30 gatos, então ali a gente sente falta de voluntários, que no começo tinha bastante e agora diminuiu um pouco”, contou Lucimara. A assistente social pede que quem tiver interesse em ajudar de forma voluntária na parte de animais de estimação, entre em contato pelo (53) 98428-9450. “Tem que gostar de cuidar mesmo dos animais. Se for veterinário é melhor, mas a gente não exige”, frisa.

Exemplo de voluntariado

No CaVG, uma das enfermeiras voluntárias é Aline Barbosa, do grupo ‘Voluntariado Sul’. Aline atua no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e iniciou o trabalho pelo Estado em Porto Alegre e Canoas. O grupo atua em diversas frentes, desde a fase de resgates até os cuidados dentro dos abrigos. Tendo conhecimento que a situação na Zona Sul se agravaria, há dez dias, os voluntários se estabeleceram em Pelotas. “Estamos fazendo atendimentos psicológicos e de enfermagem aqui e em outros abrigos, e estamos nessa missão de voluntariado. Conseguimos tirar as cestas básicas, arrecadamos roupa de frio para quem precisa, se precisar de resgate de animais nós vamos também. Estamos entendendo a demanda de onde precisa e ajudando”, expõe a enfermeira.

Para Aline, o estado de calamidade pública se divide em fases, e é importante que se entenda que Pelotas ainda se encontra na primeira delas, necessitando, ainda, de uma atuação intensa dos voluntários. “Ainda há o monitoramento das águas. O grupo voluntário se formou para estar presente nessa primeira fase e para as outras fases que vão surgir, para quando começar a estabilizar essa descida das águas. Eu vi nos abrigos de animais que faltavam voluntários, por conta das escalas, então acho que tem que ter uma continuidade. A gente precisa continuar se motivando. Nós que estamos aqui também viemos para estar motivando outras pessoas. Voluntariado é isso.”, concluiu.


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