Inclusão social

Este sonho também depende de você

ONG Anjos e Querubins, do Getúlio Vargas, recebe novo convite para participar de evento

Carlos Queiroz -

Subir ao palco será apenas um dos compromissos da gurizada da Organização Não Governamental (ONG) Anjos e Querubins, nos primeiros dias de dezembro. Ao pisar no Rio de Janeiro, com a ajuda que ainda está por vir da comunidade, os estudantes querem mais do que espalhar o rufar dos baldes-tambores, que já se transformaram em marca da orquestra. As crianças e jovens ganharão voz, trocarão experiências com outros moradores que também vivem em áreas que são alvo de violência e discriminação e já projetam a elaboração de um documento que possa chegar ao governo federal.

O objetivo é muito claro: pressionar pela implementação de políticas públicas que apostem firmemente na prevenção. “Queremos ter mais formaturas e menos enterros aqui no bairro”, cutuca o diretor da ONG, Ben Hur Flores, que há mais de 15 anos investe em música, dança e teatro como ferramentas para se opor à criminalidade em alta. E admite: sonha com o dia em que o bate-papo com os alunos não precise mais incluir técnicas rápidas de sobrevivência. “Eles já sabem: a valeta é nossa trincheira. Em caso de risco, é pra se jogar na valeta. É preferível ter que se limpar de uma sujeira do que ser atingido por um projétil.”

E são justamente estes tipos de relatos - que infelizmente fazem parte do dia a dia de quem mora na periferia - que darão o tom aos debates durante a 14ª edição do Circulando, Diálogo e Comunicação na Favela, entre os dias 1º e 2 dezembro, no Rio de Janeiro. E é para fazer bonito pela quarta vez, no Complexo do Alemão, que os estudantes se dividem entre dois focos: ensaiar e reforçar o apelo à população, para conseguirem arrecadar em torno de R$ 13 mil e arcar com o transporte que os possibilite chegar lá. Que os permita ser o recado e a arte do Rio Grande do Sul. De Pelotas. Do loteamento Getúlio Vargas. Direto aos palcos cariocas.

Determinação de sobra

O repertório é vasto: Olhos coloridos, Querência amada, Valeu amigo, Trem bala, Raridade... A jovem Jaqueline da Conceição Medeiros, 18, enxerga-se agarrada ao microfone em frente à Orquestra para engrossar a programação do 14º Circulando. Aos dez anos, quando já integrava a ONG, a pequena levou a voz aos palcos de São Paulo. “Tive a chance de conhecer um mundo maior e perceber que havia um lugar mais amplo pra se viver”, conta.

Oito anos depois, Jaqueline não quer apenas cruzar a fronteira de mais um estado brasileiro. A estudante quer conhecer a realidade de outras mulheres: também negras, mães adolescentes e vítimas de preconceito. “Precisamos de medidas que garantam que projetos como o nosso cresçam. Precisamos trazer mais crianças de sete, oito anos”, reforça. E enquanto acolhe o filho Oliver, de dois anos, nos braços, fala com orgulho na formatura da irmã Andrea, 25, que acaba de concluir o curso de Pedagogia e se tornar o primeiro membro da família a conquistar o Ensino Superior.

Um exemplo que ela quer repetir. Retomou os estudos, está no 7º Ano do Ensino Fundamental e já definiu o sonho a perseguir: uma vaga em Psicologia.

Boa notícia

A ONG Anjos e Querubins foi contemplada em edital através do Fundo Social do Sicredi. Com a seleção, irão receber a possibilidade de confeccionar novas camisetas e moletons, que se transformarão em figurinos indispensáveis na bagagem. Com o apoio, a ONG também poderá providenciar itens, como copos e canetas que, vendidos, se converterão em recursos para ajudar a custear a despesa de ônibus até o Rio de Janeiro. Mas, claro, mais uma vez, o suporte da comunidade será essencial para poderem cair na estrada e cruzar os 1.827 quilômetros, no roteiro Pelotas-Rio de Janeiro.

Ajude os Anjos!

Para colaborar, faça contato com a ONG Anjos e Querubins, pelo WhatsApp: (53) 98452-3731.

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