Saúde

Estudo da UFPel levanta a inatividade física como fator de risco para Alzheimer

No mês de conscientização da doença, pesquisa expõe como a falta da prática de exercícios pode afetar os casos de demência

Foto: Thomaz Silva - ABr - Cuidados ao longo da vida, como prática de exercícios físicos, podem ajudar a prevenir a doença

Por Vitória de Góes
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Esquecer o que iria fazer, falar, o lugar onde se está e até mesmo não reconhecer as pessoas com quem você convive pode ser sinal de alerta para um dos tipos mais comuns de demência: o Alzheimer. A doença degenerativa do cérebro acomete, principalmente, pessoas a partir dos 60 anos, ocasionando perda de memória cada vez mais constante e comprometendo também funções comportamentais e motoras. Diante disso, cada vez mais a área da saúde tem procurado entender essa doença e como ela se manifesta, e um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aponta um dos fatores: a falta de atividade física.

A pesquisa, realizada na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), University of Illinois e Harvard Medical School, surgiu a partir da necessidade de alertar a população sobre os efeitos da atividade física na prevenção da demência. “Nós tínhamos alguns estudos que mostravam diferentes proporções do número de casos atribuídos à inatividade física e a nossa ideia foi unificar e dar uma medida sumarizada desse efeito”, explica Natan Feter, coordenador do Grupo de Estudos em Neurociência e Atividade Física da UFPel.

Como resultado, a pesquisa estimou que um a cada 15 casos de demência estão atribuídos a essa inatividade. O doutor em educação física explica que esse índice pode parecer pouco, porém, quando colocado ao lado do número de incidência - cerca de 50 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) - torna-se uma proporção relevante. “Isso quer dizer que se cada um caso de demência surge a cada três segundos no mundo, como a OMS já demonstrou em muitos estudos, isso significa que a cada 45 segundos surge um novo caso que poderia ser evitável com a prática de atividade física”, detalha Feter.

A proposta do estudo é mostrar que com a realização de exercícios, em qualquer estágio da vida e seja qual for a natureza da prática, é possível obter resultados importantes para a saúde. Inclusive, o pesquisador explica que o estilo de vida levado pelo ser humano também é capaz de tornar um caso de Alzheimer assintomático. “A pessoa pode apresentar um processo fisiopatológico de Alzheimer, apresentando todos os marcadores cerebrais de um processo já avançado dessa doença, porém ela é assintomática e não apresenta quadros de prejuízo cognitivo. Então a pessoa pode viver os seus 70, 80 anos com qualidade de vida”.

Mês de campanha
A doença de Alzheimer é uma alteração neurodegenerativa que ocasiona declínio cognitivo e comportamental do ser humano. Em geral, acomete idosos a partir dos 65 anos de idade, mas já há casos no mundo em pessoas na faixa de 30 e 40 anos. Por isso, o dia 21 de setembro é marcado como o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e durante todo o mês são realizadas campanhas de conscientização de sintomas e tratamento.

De acordo com o médico neurologista Rafael Sodré alguns sinais que merecem atenção são: perdas de memória recente, questionamento e repetição da mesma informação, esquecimento de palavras de uso diário, dificuldade de localização e resolução de problemas simples.

Dessa forma, é necessário manter cuidados com outras doenças adquiridas que podem se tornar fatores de risco, como hipertensão, colesterol e diabetes não controlados. O médico também reforça o fato do sedentarismo também ser um desses fatores. Ainda, há o fator genético. “Algumas pessoas possuem genes que contribuem para ocorrência da doença, devendo estar alerta pessoas com familiares que tiveram Alzheimer de início precoce”, informa Sodré.

Como é uma doença que ainda não possui cura, o neurologista explica que o tratamento compreende em tratar doenças preexistentes como diabetes e hipertensão, utilização de medicações para estabilizar o quadro emocional e que reduzem os sintomas da memória. “A família deve procurar criar um ambiente em que o paciente se sinta seguro e acolhido, sendo compreensivo, auxiliando e orientando quando necessário. Além disso, é importante que a pessoa se mantenha ativa, podendo a família delegar pequenas tarefas sob supervisão para estimular o paciente”, detalha.

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