Saúde

Estudo recruta mulheres com sífilis em Pelotas

Pesquisa da OMS quer testar o uso da medicação Cefixima no tratamento da infecção

Paulo Rossi -

O combate e a prevenção à sífilis integram a lista de prioridades da Organização Mundial de Saúde (OMS). Três cidades brasileiras - Pelotas, Fortaleza e Vitória - passaram a compor estudo que irá testar o uso da medicação Cefixima, utilizada há anos em outras partes do mundo, mas até hoje não adotada para o tratamento desta Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Por aqui, o trabalho tem a coordenação do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que, neste momento, recruta mulheres para participarem do estudo.

A pesquisa busca resposta para duas perguntas centrais. Nesta etapa, que incluirá o acompanhamento das pacientes por nove meses, o alvo é direcionado a cidadãs que não estão grávidas, para verificar se a Cefixima é efetiva para vencer a sífilis. Em uma segunda fase, se comprovados os resultados positivos, o estudo voltará o foco às gestantes, para avaliar se o medicamento também será eficaz para evitar a transmissão vertical, da mãe para o bebê.

E o cuidado especial se justifica. Dados do último boletim epidemiológico da doença, no Brasil, apontam que 26.219 casos de sífilis congênita foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em 2018; uma taxa de incidência de 9,0 para cada mil nascidos vivos. O número de mortes também preocupa: foram 241 óbitos por sífilis congênita; uma taxa de mortalidade de 8,2 por cem mil nascidos vivos.

“O objetivo deste estudo não é parar o uso da Penicilina, que é uma medicação superboa, barata e administrada facilmente, mas é para se ter uma outra opção”, destaca a médica Mariângela Freitas da Silveira, ao relembrar períodos marcados por problemas na distribuição da Penicilina, principalmente entre os anos de 2014 e 2016. Com as duas fábricas que produzem o princípio ativo localizadas no mesmo país, a China, é sempre iminente o risco de novos episódios de desabastecimento, também na rede pública de saúde.

Quem pode participar desta fase do estudo?

Mulheres com idade igual ou superior a 18 anos
Que não estejam grávidas
Ter o VDRL (teste de diagnóstico da sífilis) igual ou maior a 1:8 ou ter o teste rápido positivo
Não ser alérgica a Cefalosporina
Não ser alérgica a Penicilina
Não ser portadora do vírus HIV
Não pode ter tido sífilis ou ter sido tratada para doença nos últimos seis meses antes da triagem do estudo

Procure um dos ambulatórios! (*)

De Ginecologia e Obstetrícia da UFPel

Endereço: avenida Duque de Caixas, 250 (3º piso), no bairro Fragata
Horário de atendimento: de terça a sexta-feira, das 7h30min às 13h30min
Profissional responsável pela pesquisa: Tainá da Costa Afonso
Médicas: Adriane Manta, Tatiane Fogaça e Iândora Sclowitz

De Ginecologia e Obstetrícia da UCPel

Endereço: avenida Fernando Osório, 1.586, no Campus da Saúde, no bairro Três Vendas
Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 13h30min
Profissional responsável pela pesquisa: Letiane Espíndola
Médicas: Adriane Manta, Iândora Sclowitz e Márcia Maduell

(*) As mulheres que não possuem diagnóstico de sífilis, mas suspeitam estar com a doença, podem procurar atendimento e realizar o teste rápido

Saiba mais

Ao todo, 72 mulheres participarão do estudo em cada uma das três cidades: Pelotas, Fortaleza (capital do Ceará) e Vitória (capital do Espírito Santo).

Alguns dos critérios que pesaram para o Brasil ser escolhido pela OMS foram a alta incidência e os problemas de desabastecimento da Penicilina. O novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde indica: em 2018, foram notificados 158.051 casos de sífilis adquirida, com taxa de detecção de 75,8 casos por cem mil habitantes.

Ao longo da pesquisa, todo o tratamento será disponibilizado gratuitamente às pacientes, que contarão com acompanhamento laboratorial e clínico por nove meses.

O estudo vai monitorar frequentemente os níveis sanguíneos de infecção por sífilis e, caso ocorra de as mulheres não responderem ao tratamento com Cefixima, passarão então a receber Penicilina.

A pesquisa prevê o sigilo total das informações, e para participar, as mulheres devem assinar Termo de Compromisso.

Todas as pacientes que desejarem também, terão acesso a métodos contraceptivos.

A sífilis é uma doença grave aos bebês. Além do risco de morte, pode provocar problemas, como lesões neurológicas e prejuízos à formação óssea. Por isso, é fundamental a qualificação do pré-natal, para detecção precoce e tratamento dentro do tempo adequado - destaca a médica Iândora Sclowitz.

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