Nas águas

Expedição Seival destaca projeto Hidrovia Brasil - Uruguai

Com o embaixador Guillermo Valles a bordo, réplica da embarcação de Garibaldi zarpou do Porto de Pelotas em direção a São Miguel

Foto: Jô Folha - DP - Barco seguiu de Pelotas para São Miguel, devendo chegar no Uruguai até sábado

Depois da reinauguração do aeroporto binacional em Rivera, o destaque de terça-feira (12) no Estado foi para o projeto Hidrovia Brasil - Uruguai que ganha adeptos das duas nacionalidades e com um grande passo com a divulgação, no Diário Oficial da União, da abertura da licitação para contratação de empresa que irá executar a dragagem na Lagoa Mirim, compreendendo o canal do Sangradouro e o canal de acesso ao porto de Santa Vitória do Palmar, além da sinalização náutica da lagoa e do canal de São Gonçalo (saiba mais na página 9). A comemoração é em grande estilo com a Expedição Seival - águas da integração, cuja tripulação deixou a cidade de Barra do Ribeiro na segunda-feira, e em Pelotas, recebeu como convidado o embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles. O Seival partiu rumo a São Miguel, onde deve chegar no sábado, já em águas uruguaias.

Organizado pela Associação Socioambiental Amigos do Seival - projeto não governamental - o evento reúne ao mesmo tempo história, meio ambiente, turismo e desenvolvimento econômico, pois incentiva a reativação do transporte náutico - o primeiro desde a colonização. O tema foi assunto em 1961, mas só em 2010 ganhou um tratado específico entre os dois países. “Estamos engajados desde que chegamos ao Brasil. Realmente, esse projeto está acontecendo. Segunda-feira (11) foi um dia absolutamente histórico com o primeiro aeroporto binacional da América Latina. Além disso, o Ministério do Portos e o Dnit assinaram os documentos para a abertura de licitação da dragagem e manutenção dessa nossa hidrovia. Então é uma emoção relançar a navegação mercantil após 62 anos e seis meses”, comentou o diplomata.

A convite do coordenador da expedição, capitão e professor Antonio Carlos Rodrigues, além do embaixador, estão a bordo os diretores da Agência Lagoa Mirim, Gilberto Collares (Brasil) e Geraldo Acosta (Uruguai) - que foram até a Eclusa -, o prefeito de Barra do Ribeiro, Jair Machado (MDB), um entusiasta navegador, além de professores, historiadores, ambientalistas, velejadores e jornalistas que buscam, através do projeto, conscientizar sobre a importância das hidrovias do Sul do País, manter viva a técnica das embarcações e a preservação do meio ambiente.

O instrutor de navegação e mergulho e coordenador da expedição, Flávio Ramires, gosta de salientar que esta é uma embarcação escolar. “A partir desse olhar de barco-escola, a primeira coisa que se ensina é responsabilidade social. Essa expedição é carbono zero e, como estamos em meio a realização da COP 28, conseguimos operar créditos de carbono que são destinados a projetos sociais”, salientou.

Para o capitão Antônio

Rodrigues, a expedição é uma lembrança e celebração da navegação tradicional da região e suas técnicas. No entanto, está restrita apenas à época das cheias. Portanto, um olhar mais atento - através de políticas públicas - às águas do Sul do Estado e do Norte do Uruguai. “Estamos em um espaço de água diferenciado. E agora que está sendo usado, queremos chamar a atenção para ele. Temos que cuidar dos nossos recursos hídricos, através da educação ambiental, pois são toneladas de resíduos que vão parar nos nossos oceanos. Estamos levando às prefeitura projetos para que haja maior fiscalização”, pontuou o professor.

Sobre o Seival

Tau Golin, jornalista, professor e historiador, conta que a réplica de um lanchão comandado por Garibaldi durante a Guerra Civil Farroupilha (1835-1845), tem uma representação simbólica muito forte. Essa embarcação foi escolhida por ser na época muito funcional e de manobra fácil e ágil. “A reconstrução retoma a história desse tipo de embarcação e não deixa morrer as técnicas de construção naval que estão dentro do projeto Seival.” Segundo o jornalista, por séculos os lanchões navegaram por rios do continente.

“Para a hidrovia, as obras são pequenas e não vão interferir no meio ambiente. Esse caminho possibilita exportar uma produção do Uruguai, que hoje é limitada, pelo Porto de Rio Grande. Ficamos por muito tempo de costas para o mar, lagoas e rios. Devemos mudar o pensamento para uma economia mais aberta e eu, como velejador, me juntar ao projeto”, disse o embaixador Valle, ao lembrar que nada está sendo criado, e sim recriado.

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