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Flexibilização gradativa após o pico da pandemia

Fotojornalista Bruno Maestrini relata a transição entre milhares de mortes diárias até a flexibilização de alguns pontos do decreto espanhol

Divulgação -

Depois de muito sofrer com a pandemia causada pela Covid-19, a Espanha começa a controlar o avanço do vírus. Com 218 mil confirmados e 25.428 mortos, o país que se consolidou como o epicentro da doença na Europa, começa a flexibilizar os decretos de restrição de circulação após cerca de 50 dias de confinamento. Entretanto, o estado de exceção espanhol ainda prevalece para a população.

Neste cenário de transição entre números assustadores, cujos registros mais altos chegaram a mil mortes por dia, até a liberação de alguns pontos do decreto, está o fotojornalista Bruno Maestrini. Pelotense, ele já morou na China e nos Estados Unidos e hoje reside no bairro Malasaña, no centro de Madrid. Ele vive com a namorada, que é espanhola, Emma González, que também é jornalista e trabalha na Fundación Consejo España-China. Mesmo com algumas novas deliberações, ele conta que os espanhóis não sentem a normalidade no modo de vida. “A gente tem a sensação do estado de exceção, dá para perceber que as coisas não estão normais. Está tudo fechado e a polícia está nas ruas. Estamos ainda vivendo este contexto”, aponta Bruno.

Os decretos espanhóis foram flexibilizados no último dia 2. O parlamento realizou liberações gradativas. As prerrogativas já estabelecidas, como a possibilidade de ir a bancos, farmácias e supermercados, além de passear com crianças e cachorros, seguem em vigência. As novidades se dão em estabelecimentos que receberam autorização para funcionar. “O governo tem liberado aos poucos. Agora, podemos sair nas ruas para passear e buscar comidas nos restaurantes. Antes disso, só pedidos para entregar em casa. Eu e minha namorada não saímos para absolutamente nada, apenas para deixar o lixo na rua. Liberaram também os cabeleireiros para trabalhar, o pessoal já estava há 50 dias sem cortar o cabelo” ele descontrai. O comércio segue fechado. O brasileiro ainda frisa que, mesmo com a autorização para passear nas ruas, foram estipulados horários específicos. O pelotense tem 40 anos e não se enquadra em grupo de risco. Cidadãos que se encaixam nestas características podem passear somente a partir das 20h.

Em Pelotas, moram os pais de Bruno, Sérgio e Ângela Maestrini, além do irmão, Marco. A pandemia alterou totalmente a rotina do membro da família que reside na Europa. Bruno trabalhava como free-lancer e produzia fotografias de embaixadas, ministérios, de congressistas internacionais, entre outras pautas. A pandemia cancelou todos os contratos que possuía e, segundo conta, a sua principal fonte de renda é o Erte (Expediente de Regulación Tenporal de Enprego), o auxílio do governo espanhol. Na condição de profissional autônomo, o cálculo dos repasses estatais é baseado no faturamento dos últimos 6 meses como free-lancer. Contabilizadas as arrecadações deste período, os recursos do Erte correspondem a, 70% destes valores. A namorada de Bruno segue trabalhando, mas em regime de home-office. Neste período, o pelotense se inscreveu em uma plataforma digital que remunera em determinados euros algumas atividades jornalísticas durante a pandemia. “Nesta plataforma, os pagamentos vão de 5 euros até 300 euros, varia muito das demandas necessárias. Os trabalhos variam entre conversão de formato de fotos, sincronização de áudio até edições mais complexas” destaca Bruno.

Socialização em meio a pandemia

No Brasil, foi possível ver em mais de uma oportunidade a população bater palmas por volta das 20h em homenagem aos profissionais de saúde. O hábito também acontece diariamente na Espanha. O momento de reconhecer os profissionais de saúde se tornou um momento de interação social de Bruno com os vizinhos através das sacadas do prédio. “Eu não conhecia os meus vizinhos. Durante a quarentena, descobri que o que mora no apartamento acima do meu é jornalista também, o que mora no prédio da frente trabalha com podcast, o vizinho da janela ao lado também morou nos Estados Unidos e muitas vezes conversamos pela sacada. Estou inclusive fazendo um mini-documentário sobre a pandemia e esta ‘convivência’ pela sacada.

O dia 2 deste mês marcou também as festas do bairro de Malasaña, que comemoram o aniversário da rebelião espanhola contra a invasão francesa de Napoleão Bonaparte. Como forma de celebração na impossibilidade de transitar nas ruas, foram atiradas bandeiras através das sacadas dos prédios. “Gerou um sentimento de comunidade, de união. Foi uma comemoração diferente” descreve.

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