Pesquisas
Futuro do Pontal pode ser unidade de conservação
Proposta a ser levada à prefeitura começou a ser discutida na quarta-feira pela UFPel
Paulo Rossi -
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) resolveu tomar para si a responsabilidade de construir a proposta de implantação de uma unidade de conservação na área do Pontal da Barra à várzea do canal Santa Bárbara, habitat de 120 espécies de aves e plantas raras, como a açucena-do-banhado, para estudo da graduação e da pós-graduação. Ao final do processo de discussão iniciado ontem, o pleito será levado pelo reitor Pedro Curi Hallal à prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).
Foi o próprio reitor quem abriu o encontro realizado na manhã de ontem com a participação de ambientalistas, no Campus Porto (Anglo), para debater o assunto. Hallal considera que a Universidade tem de se posicionar em relação ao tema. Segundo o coordenador de Desenvolvimento e Inserção Territorial da UFPel, Pedro Sanches, há uma preocupação no sentido de defender a unidade de preservação ambiental e seu uso para pesquisa e extensão da comunidade universitária. “É uma das partes mais antigas e está no Plano Ambiental do Município. Entendemos como parte fundamental para o planejamento universitário”, destacou.
O professor de Gestão Ambiental, Giovani Maurício, entende se tratar de uma inércia antiga em relação a uma área que tem espécies endêmicas do Pampa e do bioma da Mata Atlântica. As espécies estão no Pontal da Barra e arredores, ambiente rico e oportuno para pesquisa e educação. Lá existem espécies em extinção, como a açucena-do-banhado, encontrada entre o Pontal da Barra e o Arroio Pelotas. A planta é alvo de estudos pelo curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), pelos elementos que apresenta.
A riqueza e a biodiversidade aguçam a percepção dos alunos, que nas saídas de campo se encantam com as espécies encontradas. “É um laboratório para os estudantes, um recurso avançado de aprendizagem”, acentuou, ao acrescentar que existem vários estudos e trabalhos científicos publicados sobre a área em questão. Além disso, ressaltou que quem reside próximo de áreas assim tem ganho de qualidade de vida pela convivência com probióticos naturais.
Conforme Maurício, o caminho é longo até a formação da unidade de conservação na área protegida, mas há um entendimento geral na Universidade, que decidiu encampar a discussão. Mas o debate precisa envolver também o Poder Público e a comunidade. A UFPel não tem recursos para comprar a área, por isso depende da vontade política do município.
Laboratório a céu aberto
O professor de Arqueologia, Rafael Milheira, fez referência aos empreendimentos feitos na orla e às iniciativas para salvar o Pontal da Barra, como essa proposta de criar a unidade de conservação. Destacou que o local é um laboratório a céu aberto e deve ser assumido pela UFPel, talvez com a parceria da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e o apoio da prefeitura.
Lembrou da ação civil pública que teve a primeira sentença há dois anos, com ganho de causa ao movimento ambientalista, que impediu a construção de um hotel no Pontal da Barra. Relatou existir ainda um processo de chancela do Pontal da Barra no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), onde espera aprovação.
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