A cidade pode amanhecer sem ônibus nesta sexta-feira (21), já que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Pelotas (STTRP) e o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Pelotas (SETRP) ainda não chegaram a um acordo em negociação salarial. Uma audiência que deveria ocorrer na tarde de quarta-feira, intermediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), foi encerrada sem propostas depois que os rodoviários não compareceram, e a reunião que seria realizada após o primeiro encontro foi cancelada. Agora, a decisão está nas mãos da categoria: uma assembleia será realizada na noite desta quinta-feira - anteriormente ela seria realizada ontem às 21h - para decidir os rumos do transporte coletivo.

A audiência estava marcada para as 13h30min, na sede do MPT em Pelotas, sob a presidência da procuradora do trabalho Rubia Vanessa Canabarro. Para representar o SETRP, estava presente o presidente Jorge Oehlschlaeger, acompanhado do advogado Aires Martins. O diretor executivo do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães, explicou que foi solicitado ao Ministério Público que fizesse a intermediação. O encontro foi iniciado no horário marcado e, sem sinal dos membros do STTRP, prorrogado para as 14h. "Não apareceram", relatou Guimarães.

Assim, não houve negociação, uma vez que não foram feitas propostas. Se os trabalhadores rodoviários tivessem comparecido à audiência, o MPT iria definir os pontos para auxiliar na negociação entre SETRP e STTRP, a fim de evitar uma possível paralisação do transporte rodoviário urbano. Porém, uma vez que isso não aconteceu, "ela (procuradora) deu por encerrada a sessão", finalizou o diretor executivo. O ato foi concluído às 14h15min, sem resolução.

Explicação do Sindicato dos Trabalhadores
De acordo com o presidente do STTRP, Claudiomiro Amaral, o atraso de ontem foi motivado por um desentendimento de informações entre os membros do sindicato em relação ao horário de início da audiência. Após o término da mesma, um encontro seria realizado às 16h com a patronal. Ambas foram, então, canceladas. Claudiomiro relembra que todos os encontros para buscar um acordo foram frustrados. Mas a assembleia desta quinta à noite está confirmada, mesmo sem uma possível proposta e nada para apresentar aos trabalhadores. Caberá a eles decidir os rumos. "Vai depender da categoria", completou.

A greve é considerada um último passo de reivindicação. Ainda segundo Claudiomiro, os pedidos e anseios da categoria não foram atendidos. Dessa forma, a paralisação dos ônibus pode ser aderida após as várias tentativas fracassadas de conciliação com os empresários. Mas ele adianta: "Provavelmente haverá sim (a greve)".

Saiba mais
Com a licitação do sistema de transporte coletivo urbano de Pelotas, seis empresas se organizaram em um Consórcio Operacional, participaram e venceram o certame, cujo contrato de concessão é pelo prazo de 15 anos, renovável por mais dez anos.

O Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP) opera com uma frota de 210 ônibus urbanos e 12 micro-ônibus (seletivos), equipados com ar-condicionado.

No dia 11 de novembro desse ano, entrou em vigor o novo valor da tarifa dos ônibus: R$ 3,70. Os custos com a concessão do serviço de transporte coletivo foram recalculados, tendo por base indicadores econômicos, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI).

Em 2017, os rodoviários votaram por não realizar greve do transporte coletivo de Pelotas. Em assembleia, a categoria aprovou uma das duas propostas apresentadas pelo Sindicato das Empresas de Transporte. Foram ao todo três reuniões entre as duas partes. A reivindicação inicial dos 1.058 funcionários - entre motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos - era a manutenção das cláusulas trabalhistas em vigor e 7,86% de reajuste nos salários; somados 1,86% da inflação calculada pelo INPC e 6% de aumento real.