Impasse
Havan e Zaffari avaliam romper contrato com o Jockey
Empresas apontam denúncia no Ministério Público como obstáculo que pode impedir investimento de R$ 50 milhões em Pelotas
Silêncio. Desde que o potro Aeromani cruzou o disco e venceu o Grande Prêmio Princesa do Sul, dia 11 de abril, a rotina no Jockey Club de Pelotas (JCP) é de calmaria. Clima que frustra a direção da instituição, que imaginava a esta altura estar com obras de mudança na raia a pleno vapor. Para isso, contava com recursos previstos no contrato com os grupos Havan e Zaffari que, juntos, investiriam na instalação de lojas em área do Hipódromo da Tablada - negócio que prevê ao clube injeção de R$ 33,1 milhões em 30 anos e à cidade geração de até 500 empregos, mas que agora está sob risco.
Quem confirma estar estudando não levar adiante os projetos é Luciano Hang, dono da Havan. Contrariado com a denúncia encaminhada ao Ministério Público (MP) pelo Conselho Municipal de Cultura (ConCult), que questiona a autorização dada pela Câmara de Vereadores ao uso da área para o empreendimento, o empresário diz não estar disposto a aguardar muito tempo por uma definição. "Nós temos pressa. Quem demora fica para trás. Não deu certo em Pelotas, nós vamos para outra cidade. Há dezenas de cidades no Rio Grande do Sul que estão atrás de emprego", afirma. Uma delas é a vizinha Rio Grande, onde o grupo também adquiriu terreno recentemente, o qual poderia receber os projetos destinados a Pelotas. Hang acusa o ConCult de estar agindo politicamente. "A pessoa que fez a denúncia, segundo informações, é do PSOL. A esquerda não gosta de mim e eles tentam me ferrar no Brasil todo", completa.
Por conta do impasse, na semana passada o diretor de expansão do grupo Havan informou à direção do JCP que o processo de orçamento das obras que se iniciaria na quinta-feira, dia 18, está suspenso. Nilton Hang condicionou a manutenção do investimento à manifestação breve do MP.
"Se não houver solução, se o parecer for negativo, pode ser cancelado o negócio", reforça o presidente do clube, Clodoaldo Griep de Lima. Com mandato se encerrando em junho, afirma que se o contrato for rescindido o JCP pode fechar as portas por não ter como reformar o patrimônio e quitar dívidas que passam de R$ 1,1 milhão. "Há cem famílias que trabalham diretamente ligadas ao Jockey. Se o clube fechar, elas não terão mais essa atividade."
Durante a semana, representantes do JCP e da Aliança Pelotas estiveram com o promotor André Borba. Pediram que o MP dê prioridade ao caso, mas não receberam confirmação de data para um parecer. Neste sábado, Lima deve se reunir com Hang em Caxias do Sul, durante inauguração de loja da Havan. A ideia é obter uma garantia de manutenção dos investimentos.
Impedimento legal
Por conta do tombamento como patrimônio cultural da cidade, que inclui toda a estrutura (dos pavilhões à raia de corrida), o ConCult afirma que, ao permitir alteração na Tablada e modificar sua função social, a mudança na lei que permitiu o contrato com Havan e Zaffari desrespeitaria outras normas de proteção do patrimônio. O conselho entende que há restrições a alterações delimitadas até pelo Plano Diretor.
O presidente do ConCult nega que a denúncia ao MP tenha viés político e interesse em impedir o contrato entre as empresas e o Jockey Club. "Jamais nos posicionamos contra a vinda da Havan. Ao contrário. O que fizemos foi emitir um parecer, a pedido da própria Câmara, com o intuito de corrigir a redação da lei que estava sendo proposta. Tentar vincular o conselho com algum partido é desmerecer e desprestigiar o próprio ConCult e os outros conselhos. Esperamos que a Havan avalie a sua posição a favor de Pelotas e que as coisas possam se resolver da melhor forma possível", aponta Daniel Barbier.
O que diz o PSOL
Sobre as declarações de Luciano Hang, o PSOL rechaçou a acusação de interferência em decisões do ConCult e ressaltou que o partido votou favoravelmente na Câmara de Vereadores à lei que permitiu a instalação dos empreendimentos na Tablada. "O Conselho de Cultura é um órgão colegiado - com participação diversa onde se incluem representantes do Poder Executivo - que emitiu um parecer técnico por unanimidade. Associar o PSOL ao desemprego estrutural, isso sim é uma ação política, baseada em absoluta ignorância ou má-fé", diz a nota.
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