Procedimento

HU/Furg será o primeiro Hospital da Zona Sul a realizar cirurgias de redesignação sexual

Instituição aguardava a autorização do Ministério da Saúde há seis anos; prestação do serviço diminuirá a fila de espera pelos procedimentos no Estado

Foto: Divulgação - No HU Furg ao menos cem pessoas aguardam algum procedimento de redesignação

O Hospital Universitário da Universidade Federal de Rio Grande (HU/Furg) tornou-se a segunda instituição do RS e a primeira da Zona Sul habilitada na Atenção Especializada no Processo Transexualizador. Na prática, significa que o hospital poderá realizar cirurgias para a afirmação de identidade de gênero, diminuindo assim o tempo da fila de espera, que é de vários anos para os interessados. A expectativa é que a disponibilização do serviço inicie em outubro. Já em Pelotas, no ambulatório trans do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel), atualmente são atendidos 118 pacientes. Desses, 84% têm interesse em realizar algum tipo de procedimento.

Atualmente, toda a demanda do estado está concentrada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), já que o local é único que realiza os procedimentos de redesignação sexual. Em razão do grande número de pacientes e da quantidade limitada de procedimentos realizados mensalmente, a espera pela cirurgia é longa. Neste sentido, há seis anos o HU-Furg aguarda o credenciamento junto ao Ministério da Saúde para a prestação do serviço. "Buscamos reduzir essa fila estadual", diz a obstetra e chefe da Unidade da Mulher do hospital, Tânia Fonseca.

Desde 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cirurgias e atendimentos ambulatoriais para pacientes que precisam fazer a redesignação sexual. Para ambos os gêneros, a idade mínima para procedimentos ambulatoriais é de 18 anos e para estar apto para cirurgias é necessário que o paciente esteja realizando acompanhamento ambulatorial há no mínimo um ano. No HU-Furg, inicialmente os primeiros serviços prestados serão de redesignação do sexo masculino e a mastectomia (retirada de mamas). "A expectativa é que a gente aumente o rol de procedimentos", destaca a médica.

Atualmente, a gerência de atendimentos que serão realizados em Rio Grande está sob organização do Estado. Assim como no hospital de clínicas, o HU-Furg deverá receber pacientes de diversas localidades do RS.

Futuros atendidos
Atualmente, o ambulatório do HE/UFPel tem 118 pacientes em acompanhamento com uma equipe multidisciplinar e em tratamento hormonal. Desses, 84 são pacientes do local há pelo menos um ano e outros 34 entraram em 2023. Além disso, com base em uma pesquisa recente realizada sobre o perfil de transgeneros, somente entre as pessoas atendidas pelo serviço, cem aguardam algum procedimento de redesignação. "A maioria que apresentam disforia de gênero e fazem a terapia hormonal querem um procedimento cirúrgico em algum nível", explica o médico endocrinologista que atende no ambulatório, Jivago Lopes.

Para os homens trans a preferência é pela a mastectomia, já para as mulheres o desejo é tanto por prótese mamária quanto por redesignação de sexo, conforme o médico. O ambulatório está em funcionamento desde 2018 e de lá para cá nenhum atendido conseguiu realizar as cirurgias de afirmação de gênero. "De todos os pacientes nós temos uma pessoa só que fez a redesignação e ela fez há oito anos. Acho que [ter] agora em Rio Grande vai facilitar esse processo", comenta.

Segurança pessoal e auto reconhecimento
A paciente que o endocrinologista cita como a única do grupo que realizou a cirurgia de afirmação de gênero, após muitos anos de espera, fez o procedimento de redesignação sexual do masculino para o feminino em 2009. Ela, que prefere não ser identificada por questões familiares, conta que a cirurgia foi uma autoafirmação de um sentimento que tinha desde a infância. "Desde quando eu me entendo por gente eu me sinto assim. Quando era pequeninha se tivesse um carrinho ou boneca, era uma coisa instintiva, eu ia na boneca. Eu me sentia pertencente àquele grupo [de meninas]".

O processo transexualizador significa para a paciente uma segurança pessoal para atividade rotineira das mais simples, como a utilização de banheiros públicos, o que só ocorreu quando ela tinha 38 anos. "Tu te autoafirma porque é a sua genitália conforme a tua orientação. Eu ia no banheiro feminino, sempre tinha insegurança, depois da cirurgia eu me sinto mais segura".

Atendimento em Pelotas
Para ter acesso aos atendimentos multidisciplinares para o processo transexualizador prestados pelo ambulatório do HE/UFPel, como tratamento hormonal, o paciente deverá buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. A partir disso, a rede municipal encaminha o paciente ao serviço. Além disso, em agosto, mais um ambulatório foi aberto no Município, no hospital Beneficência Portuguesa.


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