Reconhecimento
Igreja do Porto é tombada por lei
Construído em 1915, imóvel terá reconhecido seu patrimônio histórico, artístico e cultural na noite desta quarta-feira
Paulo Rossi -
Integrante do patrimônio afetivo dos pelotenses, a Igreja Sagrado Coração de Jesus, no Porto, será tombada por lei na noite desta quarta-feira (12). Construída em 1915, a popular Igreja do Porto passa a integrar o patrimônio histórico, cultural e artístico de Pelotas. Em processo pelo reconhecimento do Poder Público desde 2014, agora é hora de buscar o mesmo reconhecimento no Estado e na União para a captação de recursos para o projeto de restauro do templo, localizado na esquina das ruas Gomes Carneiro com Alberto Rosa. A lei será sancionada em ato oficial às 19h na própria igreja.
Faxineira da igreja há 17 anos, Ana Rodrigues limpa a casa religiosa como se o local fosse uma extensão da sua casa. "É um sonho ver isso aqui tudo restaurado", diz, com os olhos percorrendo os detalhes arquitetônicos de algumas paredes, que revelam partes da pintura original. Morando hoje nas Três Vendas, sua paróquia continua no Porto.
Desde quando chegou à paróquia, o padre Wilson se viu diante de uma missão. Era 2017, o projeto já completava três anos quando ele encampou a missão de levar o tombamento adiante. Natural de Minas Gerais, o assunto igrejas históricas sempre fez parte de sua realidade. Em Pelotas, encontrou o que considera uma paróquia envolvida diretamente com a comunidade desde a sua fundação, há 108 anos.
"Cada detalhe aqui foi feito pela comunidade. Uma janela doada por uma família, a porta e vitrais por outra. Tudo aqui dentro guarda símbolos e se mistura com a história da cidade. A gente esperava muito esta assinatura", comenta. Outro fator destacado pelo padre, dentro da lógica da preservação, é a movimentação econômica gerada pelo restauro: de estudantes de conservação a geração de empregos com as obras - tudo acaba voltando para a comunidade.
Com o tombamento municipal, agora a paróquia e a equipe da Perene Patrimônio Cultural devem buscar o reconhecimento do Estado e da União, para então captar recursos para o restauro do prédio. A empresa também está envolvida no restauro da Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula e do Castelo Simões Lopes, entre outros. "Queremos envolver toda a comunidade em todas as etapas como foi desde a sua construção", reforça.
Memórias que atravessam paredes
A pedra fundamental foi colocada no local no dia 1º da janeiro de 1915. Criada três anos antes, até então as missas eram em um templo de madeira. O primeiro vigário foi o padre espanhol Manoel Guinot Bernat. Em outubro de 1913, o então bispo Dom Francisco de Campos Barreto determinou a construção de um templo para servir de matriz em definitivo. Estes dados históricos são narrados por Guilherme Pinto de Almeida, no trabalho técnico de pesquisa histórica desenvolvido pela Perene Patrimônio Cultural.
Conforme o estudo de Almeida, o projeto original era de autoria do arquiteto paulista Frederico Pedro Sonnesen. A fachada onde estão as torres e sinos foi executada com alterações. Até a conclusão da obra, em 1925, o pesquisador destaca a colocação de para-vento, com vitrais que representam a aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida de Alacoque.
Foi também neste ano que começou a pintura decorativa do artista Don Martin Liz Etcheverry, que também realizou trabalhos no Theatro Sete de Abril, Bibliotheca Pública Pelotense e Igreja Matriz de Santa Maria. Estas pinturas foram "apagadas" em uma reforma em 1975, quando também houve a retirada de dois altares de madeira, que figuravam no mesmo estilo em madeira do atual, mantido no centro do altar.
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