Dinâmica
Jovens aprendem a valorizar a natureza de forma divertida
A flora e a fauna regional são desbravadas por alunos e a importância da educação ambiental é explicada por dois profissionais no Sítio Amoreza, a 50 quilômetros de Pelotas
Carlos Queiroz -
Um turismo diferenciado e repleto de novas experiências é a proposta do projeto Aventureza. Toda semana, crianças e adolescentes de diferentes escolas vão até a Colônia Afonso Pena, no Morro Redondo, para visitar o Sítio Amoreza e aprender um pouco mais sobre a biodiversidade regional com profissionais que há mais de dez anos trabalham com educação ambiental. São oito hectares limitados pelo Arroio Valdez, que recebem todos de braços abertos com o objetivo de promover uma conexão com a natureza.
Os educadores ambientais Pedro Vieira e Gustavo Fonseca perceberam que muita gente não conhece a flora e a fauna da própria região em que vive. Por isso, há dois anos, decidiram desenvolver um projeto para promover o contato com a natureza e a sua valorização. Assim surgiu o Aventureza. Pedro vive no Sítio Amoreza com a família e lá busca a sustentabilidade através da agricultura familiar. Aos domingos, é oferecido um almoço (sem carne) com produtos oriundos da produção local. Eles recebem pessoas de diferentes lugares do mundo, que trabalham em conjunto por no mínimo dez dias e trocam experiências; até agora, turistas de 17 países já passaram por lá. Com uma rica biodiversidade, a ideia é fazer com que as crianças, desde cedo, aprendam a preservar o meio ambiente. “Queremos gerar inquietação”, explicou Pedro.
Com o projeto, escolas do Morro Redondo e da região passaram a visitá-los semanalmente. O número de pessoas por visita é limitado para que a interação com as crianças seja melhor. A maior surpresa vem dos alunos de Pelotas, que não têm contato com animais nativos - desconhecidos até mesmo por alguns professores. Então, segundo Pedro, o maior questionamento é “como preservar algo que não é conhecido?”. Assim, os educadores ensinam de uma forma fácil e bem explicativa sobre a flora e a fauna, mostrando animais empalhados e levando as turmas para uma trilha pelo Sítio.
Antes de começar a caminhada, Pedro e Gustavo questionam as crianças quanto ao seu conhecimento sobre animais. Todos conhecem o elefante, a girafa e a zebra. Porém, poucos já ouviram falar do mão-pelada ou do zorrilho. Para conhecê-los e descobrir onde vivem, a trilha começa. A primeira parada é na beira do Arroio, onde a mata ciliar serve como proteção do espaço próximo à água. Pegadas são avistadas e os alunos já começam a ficar empolgados com a ideia de encontrar os animais. Em seguida, eles são levados para um espaço que contém a armadilha fotográfica, um sistema adaptado para atrair as espécies e capturar imagens.
Sons são emitidos por um aparelho para atrair aves, fazendo uma alusão ao famoso desenho Pokemón, o que gera uma animação ainda maior nos pequenos. Durante todo o percurso, fotos de vários animais nativos são mostradas e é explicado o que acontece na natureza.
A atração final do passeio é Solano Ferreira, que trabalha na duplicação da BR-116/392 na parte de Gestão Ambiental, gerenciando e executando a obra. No programa de Educação Ambiental, palestras são promovidas para a comunidade do entorno da obra. Já na parte de Comunicação Social, boletins informativos são repassados para a população. Mas no Aventureza, Solano fica responsável por ensinar as crianças a Canção dos Bichos. Eles escutam e aprendem sobre o ratão do banhado, o mão-pelada, o gambá de orelha branca e até mesmo sobre o Aedes aegypti. Horas valiosas de aprendizado. “A gente trabalha a sensibilização”, afirma Gustavo.
Experiências
Ana Cláudia Hafele é professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Alberto Cunha e levou sua turma para conhecer o local, juntamente com outra professora e a orientadora responsável. Duas turmas de 20 alunos cada, de oito a dez anos, realizaram o passeio com o intuito de conhecer outra parte da cidade. Ela conta que ainda não havia visitado o Sítio e que todos aproveitaram cada momento, “sem internet e em contato com a natureza”. Braian tem nove anos e aprovou o passeio no “ótimo lugar”. Brenda, de dez, achou muito divertido conhecer os animais; porém, sua parte favorita foi chegar perto da cachoeira. Já para Alan, também de dez anos, a participação em uma trilha não foi novidade, mas sim o contato com os animais, possível através do Aventureza. E a lição, para todos, é a mesma: tem que cuidar da natureza.
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