Sucesso

Kombucha: produção da bebida natural tem crescido e feito sucesso no Brasil

Estimativa é que movimente R$ 18,9 milhões por ano no País; Pelotas conta com a primeira fábrica do produto na Zona Sul

Foto: Carlos Queiroz - DP - Madalena, junto de seu irmão Thales Petry, abriu um negócio de comercialização de kombucha

Por Helena Schuster
[email protected]
(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

Chá, açúcar e uma colônia de microrganismos. Estes são os três ingredientes que dão origem a uma bebida natural, gaseificada e levemente adocicada que vem se popularizando mundo afora: a kombucha. Somente no Brasil, a Associação Brasileira de Kombucha (Abkom) estima que o mercado da bebida movimente cerca de R$ 18,9 milhões anualmente. Na região, essa tendência se confirma. A primeira fábrica do produto na América Latina é gaúcha, de Porto Alegre, e a primeira da Zona Sul está localizada em Pelotas.

A origem da kombucha é um tanto incerta, o que se sabe é que a bebida vem sendo produzida há séculos ao redor do mundo. A produção, conforme explica a professora do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos da UFPel, Mírian Machado, consiste em um processo de fermentação natural. "A kombucha é o resultado da fermentação da Camellia sinensis, que é o nosso conhecido chá verde, com açúcar e uma cultura simbiótica, que é chamada de scoby", esclarece. A professora comenta que o processo é parecido com o do kefir, outro produto popular fermentado a partir de uma cultura inicial.

A principal propaganda da kombucha, e também um dos principais motivos de discussão, são os potenciais benefícios à saúde. Segundo Mírian, diversos estudos são conduzidos para determinar quais os impactos da bebida na saúde. "Não se pode alegar que ela é boa para uma determinada doença, mas já foi comprovado que a kombucha tem atividade antioxidante e antimicrobiana no organismo", explica. Proteção do fígado e melhora do sistema imunológico e de funções gastrointestinais são alguns dos benefícios já comprovados.

Apesar de ser uma bebida antiga, sua comercialização e regulamentação é recente. "Se conhece o processo há muito tempo, mas antes a produção caseira era a mais comum. Com o tempo, as pessoas começaram a produzir mais e os fabricantes que trabalham com seriedade buscaram uma regulamentação", observa Mírian. Desde 2019, a comercialização é regulamentada pela Anvisa e apenas fabricantes com registro no Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) podem fazer a venda do produto.

Primeira fábrica da região

Os irmãos e sócios Madalena e Thales Petry, porto-alegrenses que residem em Pelotas, são as cabeças por trás da Flor de Tuna, primeira fábrica de kombucha, com registro no Mapa, da Zona Sul. Conforme Madalena, a paixão pela bebida surgiu naturalmente. "Meu irmão ganhou uma colônia scoby de um amigo e começou a fazer em casa e dar de presente para familiares e conhecidos. Com o tempo, a receita foi se aperfeiçoando e as pessoas gostavam e sempre queriam mais", relembra.

A partir daí, a produção caseira virou negócio. A sócia da empresa conta que os irmãos viram o potencial da bebida que, além de saborosa, é natural e faz bem à saúde. "Nós vimos que dava para transformar hábitos e entregar um produto gostoso e saudável, já que hoje em dia se tem essa ideia de que o que é saudável não é bom." A saborização das bebidas é feita apenas com frutas, como pitaya, uva, limão e outros, que também dão um colorido intenso e natural ao produto.

Na fábrica, que possui capacidade de produção de mais de três mil litros, a dupla verifica todas as etapas do processo, que precisa atender aos padrões para comercialização. "Por ter poucos ingredientes e ser natural, parece simples fazer, mas tem todo um procedimento de verificação e medição necessários", explica Madalena. Geralmente, o processo fermentativo leva 15 dias para produzir a kombucha.

Uma bebida, várias ocasiões

Para Madalena, uma das qualidades da kombucha é a sua versatilidade. A empresária conta que cada pessoa gosta de consumir a bebida de um jeito. "A pessoa vai se beneficiar independentemente do momento em que ingerir, então é bem particular. Eu gosto de tomar de noite para relaxar, mas tem cliente que leva para a praia e até quem misture com bebidas alcoólicas para fazer drinks", comenta.

A empresária complementa que acredita que a tendência é que a bebida continue se popularizando. "Muita gente ainda não conhece, mas a maioria das pessoas que resolve experimentar e comprar acaba gostando e tornando o consumo num hábito, porque é uma opção saudável e saborosa", avalia a empresária.

Produção caseira

A professora da UFPel alerta para os cuidados que devem ser tomados por quem deseja produzir kombucha em casa. O maior risco é que a produção desenvolva fungos indesejáveis. Outro cuidado deve ser com o teor alcoólico, já que a fermentação naturalmente produz a substância. Nas fábricas, o teor alcoólico consegue ser monitorado de acordo com os padrões exigidos, mas na produção caseira, sem equipamentos adequados, é mais difícil medir esses níveis. Mírian reforça que, para fazer a kombucha em casa, é preciso conhecer bem o processo e a matéria-prima e que, em nenhum caso, estes produtos caseiros devem ser comercializados.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Cerrito receberá repasse federal de R$ 134 mil para combater a estiagem Anterior

Cerrito receberá repasse federal de R$ 134 mil para combater a estiagem

Liminar que suspendia cotas para trans na Furg é derrubada Próximo

Liminar que suspendia cotas para trans na Furg é derrubada

Deixe seu comentário