Frequentadores da orla da Lagoa dos Patos, um dos principais pontos turísticos da cidade, estão há cinco semanas com alternativas reduzidas na hora de utilizar os banheiros públicos. A saída, quando o fluxo de pessoas aumenta, é passar pelo constrangimento de pedir emprestado aos donos de estabelecimentos comerciais da praia - ou pagar R$ 1,00 no Shopping Mar de Dentro. Desde que as três estruturas - contrato com o Sanep para a temporada de verão - foram retiradas, no início de abril, as queixas entre moradores e visitantes aumentaram e o resultado foi um abaixo-assinado entregue à Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação (Sdeti). A prefeitura já prometeu instalar três unidades provisórias no balneário Santo Antônio.

Atualmente, o único sanitário público fica em frente ao shopping, pela praça São Jerônimo. Mas é preciso coragem para encarar a sujeira do local. O síndico do Centro Comercial, Olavo Silveira, comenta que não adianta limpar o espaço, pois os vândalos tratam de desabilitá-lo. “Basta colocar uma lâmpada para que, em meia hora, ela suma.”

Na outra ponta da praia, o dono de um estabelecimento conta que depois que tiraram os banheiros da orla, os pedidos aumentaram em 99%. “Não tenho como negar. Mas o empréstimo é a contragosto”, admite ele, que prefere não se identificar. O empresário é favorável às estruturas, mas desde que a prefeitura consulte os comerciantes para escolher o local de instalação mais apropriado. “O banheiro colocado na época do verão próximo ao Trapiche atrapalhou bastante as atividades náuticas”, afirma ele.

Demanda
Sorte mesmo é quem tem um amigo que more no bairro e possa fazer visita rápida ao toalete. “Mas isso é constrangedor”, diz a aposentada Gladis Terezinha Novake dos Santos, de 71 anos, 40 deles vivendo na praia. “Nosso Laranjal está ficando muito bom. Mas se a prefeita quer que aqui seja um ponto turístico, precisa disponibilizar uma estrutura completa. Nem que seja um banheiro só”, avalia. Ela é uma das participantes das atividades do Sesc, onde os dois banheiros estão interditados. Gladis diz acreditar que a destruição foi provocada por vândalos. A estrutura foi construída especificamente às equipes que atuam no local. No entanto, a caixa d’água para as duas unidades não comporta grandes demandas.

Vice-presidente da Associação do Moradores do Laranjal (Asclar), Susana da Gama diz que a reivindicação é antiga e que um abaixo-assinado foi apresentado ao titular da Sdeti, Fernando Estima. O titular da pasta, após receber as demandas de alguns líderes do Laranjal, reuniu-se com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e garantiu a colocação provisória de três banheiros químicos - ao custo aproximado de R$ 3 mil mensais, conforme calcula Estima -, próximos ao Quiosque.

Mas a alternativa não é suficiente para o secretário, que pretende, dentro de 60 dias, apresentar um projeto para a construção definitiva que possa atender os visitantes e moradores o ano inteiro. A meta é entregar à população em novembro, quando se iniciar a nova temporada. “Um pré-projeto está sendo avaliado para a construção de banheiros, incluindo áreas opostas ao calçadão, o que tornaria a estrutura ainda melhor.” Estima garante também que a Sdeti está com o cronograma de eventos previstos para o Laranjal, período que vai requer o aumento no número de banheiros químicos.

Relembre
Em novembro de 2011 a Justiça Federal do Estado determinou a suspensão da construção de banheiros públicos na faixa de areia da praia do Laranjal. A decisão do juiz Everson Guimarães Silva, da 2ª Vara Federal de Pelotas, também condenou o município a providenciar a demolição das construções parcialmente edificadas no local. A sentença confirmou a liminar concedida em abril de 2010, impedindo o prosseguimento das obras nas areias do balneário.