O final de semana foi de sol, calor e praia movimentada em Pelotas. Mas a segunda-feira (11) amanheceu como um retrato do descuido com um dos principais cartões postais de Pelotas. Quem veraneava pela praia do Laranjal ao longo do dia não deixou de perceber o lixo espalhado pela areia. Fruto do descaso da população e de uma limpeza mais intensa, era possível verificar em poucos passos vidros, garrafas, embalagens, latas, muitas bitucas de cigarros, alguns peixes mortos e até mesmo a carcaça de um animal de grande porte em decomposição. Tudo isso somado à grama relativamente alta, ou restos dela e de vegetação, já secos, na beira da água.

Durante a tarde, apenas dois servidores faziam a limpeza da orla próximo ao trapiche. Segundo o secretário de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SSUI), Jeferson Dutra, é de praxe os servidores trabalharem de duplas, em parceria com um trator. No entanto, houve um furto na Coordenadoria de Serviços e Ações Comunitárias (Cosac) neste final de semana e, segundo ele, o veículo que faz a limpeza da "sujeira mais grossa", com um rastilho, e dá acabamento na areia, foi danificado.

População reclama
As atendentes de farmácia Luanda Aguilhera e Letícia Ludwig aproveitavam a tarde próximo ao trapiche. O pequeno Enzo, filho de Letícia, brincava sobre uma tapete para evitar o contato com a areia e as bitucas de cigarro no lugar. "É bem complicado. A beira tem muita vegetação, parece atirado (…) mas o povo também é relaxado, falta conscientização", lamenta Luanda. Ela culpa também o poder público pela falta de cuidados, apontando o contraste entre a beleza natural da lagoa e a falta de cuidados com o espaço para atrair turistas, em uma área apontada como carro chefe para o setor no município.

Já casal Renato e Rosane Teixeira tomava seu chimarrão no calçadão e, ao conversar com a reportagem, lamentou a situação. "A gente conhece outras praias por aí, limpinhas…", comparou Rosane, dizendo que costuma visitar praias e arroios da região, classificando o Laranjal como a pior na questão de limpeza. Acompanhados do neto, ainda pequeno, ela disse se preocupar com ele brincando na beira da água pois, além dos poucos pontos próprios para banho, a vegetação da orla poderiam apresentar outros perigos.

Segundo o secretário, a limpeza na praia ocorre quase que diariamente. Ele diz que a vegetação é formada por aguapés depositados todos os dias pelas águas e que o material orgânico, como peixes mortos, é recolhido a cada 24 horas. "Nas avenidas principais, incluindo a avenida da Orla, pelo menos todas as segunda e sextas as mesmas são varridas pelo caminhão varredor", garante. Nesta segunda, porém, vários trechos do calçadão estavam tomados pela areia.