Sofrimento

Mãe relata lesão de bebê durante parto em Canguçu

Bebê sofreu trauma no plexo braquial e quebrou a clavícula; família pretende acionar judicialmente médico responsável

Foto: Divulgação - DP - Pedro Henrique teve braço imobilizado e agora faz fisioterapia para retomar movimento

Mãe de três filhos, Adna Cotrim, 36, viu a felicidade pelo nascimento do caçula Pedro Henrique, em fevereiro, se transformar em preocupação. Ao dar à luz no hospital de Canguçu, ela viu o bebê sofrer uma lesão de plexo braquial e quebrar a clavícula durante o parto. Desde então, passados três meses do nascimento, a família convive com tratamentos para reverter as sequelas na mobilidade do filho. Sem conseguir uma solução, nos últimos dias resolveu trazer a história a público para conscientizar outras mulheres.

Segundo Adna, até o dia do parto, tudo corria bem. A gravidez foi saudável e ela já estava com nove meses de gestação quando deu entrada na maternidade. “Estava fazendo pré-natal com um médico muito bom, mas dei o azar de cair em outro plantão”, relembra. Na madrugada do dia 5 de fevereiro, ela chegou ao hospital em trabalho de parto, com fortes dores, a bolsa estourada e 10 centímetros de dilatação. A partir daí, foi encaminhada para fazer o parto normal. “Eu não aguentava mais de dor, chorava muito e não conseguia mais [fazer força]. Aí o médico falou para fazer bastante força que ele ia ajudar o bebê a sair. Eu senti ele colocar a mão e em seguida o bebê saiu”, relata. Depois do nascimento do filho, Adna diz que não viu mais o médico responsável pelo parto.

Conforme a dona de casa, o dia seguinte ao parto foi difícil para o bebê e também para ela. “Tive um sangramento bem intenso depois do parto. O banheiro virou uma poça de sangue. Quando a médica foi me olhar, me disse que eu estava cheia de ‘resto de parto’”, relata. Foi nesse dia que também começou a desconfiança de que havia algo errado com Pedro, já que a criança não parava de chorar. “Quando a enfermeira pegou ele para dar banho de noite, ele disparou chorando sem parar. Ele já tinha mamado, eu já tinha embalado, tinha feito de tudo e não adiantava.” Após investigações de uma das pediatras, exames de sangue e raio-X, foi diagnosticado, primeiramente, que o bebê havia sofrido uma lesão de plexo braquial (trauma que afeta a rede de nervos que se estendem do pescoço até ombro, braço e mão). Dias depois, após mais desconfianças e novos exames, também foi atestado que o bebê havia quebrado a clavícula direita no nascimento.

Sequelas do parto

Desde o parto, Adna relata que correu atrás de respostas para o problema do filho, que não mexia o braço direito e continuava chorando de forma constante. Foi na primeira visita à fisioterapeuta que o bebê teve o braço imobilizado. “A fisio me disse que não ia começar antes de imobilizar, porque ele tinha muita dor. Depois, na consulta de rotina da pediatra, ela me disse para levar o bebê ao ortopedista porque a lesão era grave.” A partir de então, começou nova corrida pelo atendimento, que a mãe conseguiu através do SUS, em São Lourenço do Sul.

Na consulta com o especialista, ela foi informada de que a clavícula já havia colado, mas que seria necessária fisioterapia por conta das sequelas. “Ele me disse que a lesão é mais grave do que quebrar a clavícula. Por isso ele perdeu o movimento do braço direito e da mão”, conta. De lá para cá, Pedro Henrique, agora com pouco mais de três meses, já retomou um pouco do movimento. “Antes da fisioterapia não movimentava nada. Hoje, se você der um chocalho para ele, com a mão esquerda ele consegue pegar, com a mão direita não”, explica. Agora, a mãe espera por consulta com o ortopedista para realizar novos exames e avaliações.

Para além das sequelas físicas de Pedro Henrique, a mãe relata que também passou a sofrer com pressão alta desde o nascimento e, atualmente, faz uso de medicação para o problema. “Meu emocional foi totalmente abalado. Foi muito triste.”

Adna diz que o objetivo de ter feito o relato e mobilizado as pessoas nas redes sociais é evitar que, no futuro, outras mulheres passem pela mesma situação. “Lá no hospital me falavam que era normal acontecer isso com um bebê grande, mas como vai ser normal um médico machucar o bebê?”, indaga. A mãe diz estar em contato com advogados para encaminhar um processo formal. Ela não quis revelar o nome do médico alegando sigilo devido a questões judiciais.

Ao Diário Popular, a assessoria do Hospital de Caridade de Canguçu, instituição onde o parto foi realizado, afirmou que tomou conhecimento do caso e está apurando a situação.

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