O curso de Odontologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) iniciou nesta quarta-feira (4) uma campanha em alusão ao Maio Vermelho, mês de prevenção e atenção para os cuidados com o câncer da cavidade oral, mais conhecido como câncer de boca. As atividades irão até a sexta-feira, dia 27, principal data da campanha, quando serão realizados atendimentos de casos de risco identificados nas visitas aos bairros.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o quinto tumor mais comum entre homens, ocorrendo principalmente após os 40 anos de idade. A doença causa mais de cinco mil mortes por ano. Também por isso, o 31 de maio foi escolhido como o Dia de Luta Contra o Câncer Bucal, conforme Lei Estadual. Apesar da incidência e da gravidade, se detectado em fase inicial, é possível um tratamento mais efetivo e a cura. Assim, alunos do primeiro e do segundo semestres do curso de Odontologia juntaram-se ao Maio vermelho e iniciaram uma série de ações pelos bairros da cidade.

A ação envolve 78 acadêmicos e está sendo coordenada pelos professores Beatriz Bidigaray, Patrícia Guerreiro, Guilherme Antonello e Giovane Gomes. As atividades nos bairros começaram na manhã de ontem e acontecerão até o dia 18, com equipes atuando nas cincos Unidades Básicas de Saúde (UBSs) regidas pela UCPel. As unidades que recebem o programa são Py Crespo, Pestano, Sanga Funda, União de Bairros e Colônia Z-3. Nesta última localidade não há UBS, mas foi notado um número expressivo de casos.
Na atividade desta quarta pela manhã os alunos atuaram nas imediações da UBS Py Crespo. Já no período da tarde, os estudantes levaram informação e realizaram exames rápidos bucais na região do Pestano. “Nós estamos fazendo uma busca ativa de pacientes em risco, com ajuda das agentes de saúde. Vamos nas casas e fazemos os exames rápidos. Se for notado fator de risco, encaminhamos para outro atendimento”, explica a professora Beatriz Bidigaray.

Os exames rápidos que constataram lesões ou outros fatores de risco são encaminhados para a Clínica Odontológica da universidade. As consultas serão realizadas no dia 27 de maio, considerado o “Dia D” da campanha. Para Beatriz, ações como esta são uma forma de ajudar a comunidade e também a formação dos graduandos. “Não é apenas a busca do paciente. Eles entram numa nova realidade. A maneira como eles estão sendo preparados, com todas essas atividades, serve para torná-los profissionais mais humanizados.”

Momento de cuidado com a comunidade
A iniciativa, além de repassar informações sobre o câncer, também realizou avaliações em moradores que pudessem apresentar sintomas. Além disso, foi um momento para relembrar os cuidados necessários. Paulo Roberto Medeiros teve câncer de boca há alguns anos e conta que a notícia veio em uma consulta ao dentista. “Eu fumava muito, parei quando tive um infarto e tive que colocar ponte de safena. A notícia veio quando eu fui extrair um dente e a dentista me disse que estava com câncer e me mandou para a faculdade [onde realizou o tratamento]”, relata.

Apesar de estar curado, Medeiros, que está atualmente desempregado, aponta que a doença deixou sequelas e a visita dos alunos foi muito importante. “Eu me curei do câncer e não fui mais ao médico. Então vou consultar com eles e vou me cuidar”, compartilha.

A cuidadora Inês Pereira foi outra moradora do bairro que também recebeu informação dos acadêmicos. “É a primeira vez que eu estou vendo esse trabalho no bairro. Eu sabia da doença, mas não conhecia os sintomas. Agora sei o que fazer quando aparecer alguma coisa”.

Confira a agenda das ações
11/05- 08h30min - Olarias da Sanga Funda
11/05- 13h30min - Território da Colônia Z-3
18/05- 13h30min - Território do União de Bairros
27/05- a partir das 8h30min - atendimento dos pacientes captados nas atividades de território agendados para exames e biópsias no Campus Saúde da UCPel

Sinais de alerta
Lesões (feridas) na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizaram por mais de 15 dias, que podem apresentar manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas, nódulos no pescoço e rouquidão persistente.

Em casos mais avançados
Dificuldade de mastigação e de engolir, dificuldade na fala e para movimentar a língua.

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do câncer de cavidade oral normalmente pode ser feito com o exame clínico (visual), mas a confirmação depende da biópsia. Um dos tratamentos mais comuns é a cirurgia, com a retirada da área afetada pelo tumor, associada à remoção dos linfonodos do pescoço e mais algum tipo de reconstrução quando necessário.

Como prevenir?
Não fumar
Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
Manter boa higiene bucal
Usar preservativo (camisinha) na prática do sexo oral