SUS
Mais atendimento para a radioterapia
Novos equipamentos são destinados para o Ceron e o Hospital Escola
Jô Folha -
Com a interrupção do serviço de radioterapia do Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) em 2016, o Centro de Radioterapia e Oncologia da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (Ceron) passou a ser o único a oferecer o serviço. O atendimento não é pleno - a máquina possui 20 anos de uso, o que limita sua função e precisão no tratamento de câncer. Com novos equipamentos anunciados para o HE e para a Santa Casa, o serviço será ampliado para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
No Ceron, hoje são atendidos cem pacientes, em média, por dia, entre convênios, particulares e SUS. A administração do Centro ainda não tem uma estimativa de quantas pessoas a mais poderão ser atendidas. Segundo informações da administração do Ceron, no local serão operadas as duas máquinas, a nova e a atual. Os médicos estimam que o novo sistema terá menos custo e que o tempo deve diminuir em até 30% para cada procedimento.
Se com o maquinário antigo o HE chegava a realizar entre 40 e 50 procedimentos por dia, com o acelerador linear a estimativa é duplicar o número de atendimentos. Serão dois equipamentos novos para atender a região, o que deve desafogar a espera por atendimento e as locomoções para outros municípios em busca de radioterapia.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), seriam 399 pacientes de toda a Zona Sul atendidos com radioterapia em Pelotas. Com a limitação do serviço no Ceron, os pacientes estão sendo encaminhados para Rio Grande ou Porto Alegre. A realidade deve mudar até o final do ano e melhorar a partir de 2019.
Ainda em 2018
No HE, a estimativa da administração do hospital é de começar a operar em até três meses. Os problemas no equipamento surgiram em 2016. A máquina foi considerada obsoleta pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Os novos materiais anunciados para as duas instituições vão aumentar o número de atendimentos e a eficiência do tratamento.
Em 2019
O provedor da Santa Casa de Pelotas, Lauro de Melo, projeta colocar o equipamento para atender a população em março de 2019. Ele explica que toda a compra e a obra são administradas pelo Ministério de Saúde, que dispensou a primeira empresa por não atender aos requisitos exigidos na reforma. A estimativa do hospital é de retomar as obras ainda em setembro. O investimento do governo federal no Ceron, entre o novo equipamento e a obra, é de R$ 2,1 milhões. A previsão inicial era de concluir até abril deste ano.
Outro problema enfrentado pelo Ceron são as quimioterapias, relata o provedor. "Hoje estamos atendendo no nosso limite." Com atraso nos repasses do governo estadual, a falta de recursos acaba interferindo em todos os setores da Santa Casa, indica. As dificuldades envolvem a contratação de empresas para manutenção dos equipamentos, como esterilização, por exemplo, o que afeta os atendimentos à população. Os repasses federais e municipais, de acordo com Lauro de Melo, estão em ordem.
Acordo
Na semana passada, a SMS anunciou, através de nota, que buscava "alternativas jurídicas" quanto ao atendimento oncológico na Santa Casa. Na segunda-feira a secretária Ana Costa disse que as tratativas continuam e não quis dar detalhes sobre o que seria tal "alternativa jurídica" pleiteada pela administração municipal. Conforme informações da administração do hospital, trata-se de um acordo entre a Santa Casa e a empresa terceirizada. Ficou definido que os repasses da SMS serão depositados diretamente na conta do Instituto Oncológico de Pelotas (IOPel), empresa responsável pelo serviço no Ceron, e não mais para a Santa Casa, explica o provedor. A medida, informa, é para evitar atrasos.
Paciente enfrentou falta de remédios no Ceron
A segunda-feira também foi um dia de ouvir não ao chegar no Ceron para buscar remédios para o tratamento de câncer. A reportagem acompanhou Rosine Valente, paciente oncológica do local há seis anos. Ela mostrou, na sua carteirinha de paciente, a data do dia 27 marcada para buscar o fármaco anastrolibbs, utilizado para o tratamento de câncer de mama. "Isso acontece comigo desde 2012. Até quando isso vai acontecer?", questiona.
Dos atendentes, Rosine ouviu que não há uma data prevista para a chegada do medicamento e que ela seria informada por telefone sobre quando poderá buscá-lo. Em casa, a paciente possui poucas cápsulas do remédio e a incerteza de quanto tempo ainda será necessário aguardar. "Quando se trata de saúde, ninguém pode esperar", opina Rosine, que já ficou até 18 dias sem tratamento ao longo da luta contra a doença por atrasos do Ceron.
Conforme Lauro de Melo, os atrasos são pontuais e não atingem a todos os pacientes. "Se atrasa o repasse, atrasa a compra do medicamento, que deve chegar em até três dias", garantiu. Na tarde de ontem, Rosine foi informada que o medicamento já estava disponível no local. Desta vez, apenas com um dia de atraso.
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