Uma ação conjunta da Vigilância Sanitária de Cerrito com a Brigada Militar apreendeu na última segunda-feira (27), aproximadamente 713 quilos de alimentos impróprios para consumo. A carga de produtos de origem animal, que carecia de refrigeração, era destinada para a merenda escolar da rede municipal de quatro cidades da Zona Sul. Com placa de São Lourenço do Sul, o veículo não possuía licença sanitária e habilitação para transporte do gênero alimentício. Parte das prefeituras alegam que deverão suspender os contratos com a empresa.

Na abordagem do caminhão baú foi constatado que o sistema de refrigeração estava danificado e que as carnes de frango, rês e suínos estavam descongeladas, assim como em meio à sujeira. De acordo com o fiscal da Vigilância Sanitária de Cerrito, Rodrigo Islabão, os alimentos já estavam com princípio de fermentação e tiveram que ser descartados. "A carne de frango, por exemplo, tem contaminação cruzada muito rápido e acaba se deteriorando muito rápido também", explica. O veículo foi apreendido no meio do trajeto para a entrega dos produtos a escolas em Arroio Grande, Herval, Pedras Altas e Pedro Osório.

O integrante da operação relata ainda que não é uma ocorrência comum a apreensão de um transporte com tantos pontos de irregularidades. "Geralmente acontece da gente pegar um transporte com frios e ele não estar com a temperatura certa, mas o transporte do produto sem nada de frio é uma coisa que eu nunca tinha visto. Pode acarretar em inúmeras doenças", alerta.

Além dos 713 quilos de carne imprópria para o consumo, o veículo não tinha nenhuma licença necessária para o transporte de produtos do gênero alimentício. Ao analisar as notas de transporte nos chamou a atenção que eram só para as prefeituras. Islabão diz que a suspeita é que a empresa de São Lourenço do Sul trabalhe especificamente apenas com licitação. Após a apreensão, o condutor do caminhão foi encaminhado a Delegacia de Polícia de Cerrito onde foi efetuado um Boletim de Ocorrência (BO). Além disso, será aberto um processo administrativo contra a empresa responsável.

A apreensão foi efetuada dentro de uma operação de rotina desencadeada pela Brigada Militar no combate de abigeato. A ação é realizada com o apoio de fiscalização das Vigilâncias Sanitárias.

O que dizem as prefeituras

Dentre as quatro prefeituras que supostamente têm contratos de licitação com a empresa responsável pela distribuição dos produtos do veículo apreendido, apenas Pedras Altas e Pedro Osório retornaram o contato da reportagem. De acordo com o gestor da primeira Prefeitura, José Volnei Oliveira (PT), até a tarde de ontem, ele não tinha nenhuma informação sobre a ocorrência. O prefeito confirmou que o município tem um contrato com uma fornecedora de alimentos de São Lourenço do Sul e que a empresa atende a todas as escolas de Pedras Altas. "Se é a empresa que eu estou pensando, ela fornece para quatro escolas no interior e uma na cidade". José declarou ainda que irá apurar o caso e a empresa for a mesma da apreensão o contrato será rompido. "O problema é esse, tudo é licitatório, o mais barato leva e olha no que dá. Se for isso mesmo, nós vamos cancelar o contrato com eles".

Já o prefeito de Pedro Osório, Moacir Alves, o Chola, (MDB) declarou que iria entrar em contato com Cerrito, local onde o veículo foi abordado, para buscar informações mais precisas, como o nome da empresa. "A gente compra muita coisa de São Lourenço por licitação para a merenda escolar, mas não tenho como afirmar se é essa mesma firma que nos fornece". Conforme Chola, o fornecedor é responsável por toda a rede municipal de ensino.

​