A síntese está no nome do evento: Dia do Encontro. O Juizado da Infância e da Juventude promove nesta quinta-feira (25) à noite mais uma iniciativa de incentivo à adoção tardia. A partir das 19h, estarão frente a frente habilitados à adoção ou em processo de habilitação e 35 crianças e adolescentes que permanecem nos abrigos aptos a receber uma família. O pano de fundo é mais uma vez o mesmo: Deixa o amor te surpreender. É uma aposta que tem dado resultado e inflado corações.

Foi o que ocorreu em 23 de maio, quando as palavras de Vitória Porto, então com 12 anos, contagiaram os Gerber Martins. Ao assistirem ao vídeo exibido pelo Juizado, com depoimentos de quem convive com a expectativa de ser acolhido, tiveram certeza: era aquela menina, de olhar firme, que haveria de se transformar no quarto filho do casal. Exatamente como idealizaram, ao selar união há 27 anos: o lar contaria com movimentação - risos, brincadeiras, sorrisos e aquela dose saudável de implicância entre os irmãos. E assim tem sido.

E o melhor: o sonho expresso pela estudante se tornava realidade. Em 22 de maio, quando conversou com o Diário Popular, Vitória reforçara: “Eu queria ter uma nova chance para mostrar como, realmente, sou uma pessoa legal”. E aconteceu, mais ligeiro do que imaginava. “Ela nasceu rápido”, descontrai a mãe, a professora Adriane Gerber Martins. Ao receberem o DP em casa, no bairro Areal, em volta da mesa da cozinha, na noite da última terça-feira, contaram como têm sido os dias e a naturalidade com que as afinidades despontam. Desde a primeira vez que a adolescente visitou a família, ainda em fase de adaptação, no dia de estreia do Brasil na Copa do Mundo, em 14 de junho.

Vinte e oito dias depois, em 12 de julho, Vitória já estava definitivamente entre eles. E para que pudesse experimentar a alegria de ter um quarto decorado especialmente para ela, a família fez um gira-gira em ambientes. Festa de aniversário. Viagem para Gramado. Dedicação aos estudos. Imposição de limites. Os dias têm sido leves, coloridos. Um recomeçar. “No início eu tinha medo”, admite Vitória. São as marcas de ter passado mais da metade da vida em abrigo, no Capão do Leão, e ter enfrentado o sabor amargo de duas adoções frustradas. Estratégias para superar? Diálogo, amparo e a certeza de que é possível, sim, ser feliz.

O aconchego vem de todos os lados. O suporte dos pais Adriane e Régis. As orientações dos irmãos mais velhos Nathalia, 25, e Matheus, 21. As horas de diversão com o caçula Pedro, de nove anos de idade. Os momentos de descontração e piada com o avô Delvar, 76. E mais uma convicção: os sonhos nos fazem caminhar. E o desejo de ser advogada pode - e deve - ser, então, alimentado. “Ela é uma menina de muita garra”, enfatiza o pai, entre um abraço e outro de Vitória. Entre um abraço e um beijo distribuídos a todos eles enquanto o DP esteve lá para contar mais esta história com final feliz.

A palavra do Juizado
A juíza da Infância e da Juventude, Alessandra Couto de Oliveira, entusiasma-se a cada nova ação que possa resultar em uma história de amor. É, justamente, por isso que o Juizado - em diferentes pontos do país - tem investido em momentos que tire as crianças e os jovens dos abrigos da invisibilidade. Possam dar nome, mostrar o rosto, falar nos anseios que os movem. 

“Acredito muito no olho no olho, na empatia”, reitera a magistrada. E destaca: das cerca de 200 famílias habilitadas à adoção em Pelotas, em torno de 120 já confirmaram presença no encontro desta quinta-feira. As idades um pouco mais avançadas já não têm sido empecilho, como ocorria até poucos anos. Uma das principais barreiras, que ainda mantêm muitos deles sob a tutela do Estado - sem perspectiva -, são os casos que envolvem grupos de irmãos e problemas de saúde.

Participe do Dia do Encontro!

Quando: nesta quinta-feira (25), a partir das 19h
Local: Sest Senat
O que está previsto: será um momento de interação entre quem está pronto para adotar e quem está à espera de ser acolhido. Brincadeiras e um lanche devem tornar o encontro descontraído.
Até a noite de ontem, em torno de 120 famílias habilitadas já haviam confirmado presença no evento.
35 crianças e adolescentes irão participar; 30 de Pelotas e cinco de Canguçu.
Mais informações: (53) 3279-4900 - ramal 1304 ou pelo e-mail [email protected]

Confira os documentos para dar início ao processo de habilitação à adoção (*)

→ Cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração de união estável;
→ Cópias da carteira de identidade e do CPF;
→ Comprovante de renda e domicílio;
→ Atestados de sanidade física e mental (expedidos por qualquer médico, independentemente da especialidade);
→ Certidão judicial criminal negativa de 1º grau;
→ Certidão judicial cível negativa de 1º grau;
→ Foto dos pretendentes (individual ou casal)

(*) Não há qualquer restrição no caso de pretendentes à adoção solteiros ou casais homoafetivos