O setor materno-infantil da Santa Casa de Pelotas está fechado temporariamente. O hospital não chegou a um acordo com os médicos obstetras e um pediatra do setor para que o contrato, que venceu na última terça-feira, fosse renovado. Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o Hospital não apresentou proposta efetiva para a renovação, somente um comunicado com a intenção de manter a pactuação.

"Infelizmente, nós temos uma situação de que hoje a maternidade está fechada, por falta de profissionais, mas não porque eles não querem trabalhar, mas porque não tem contrato vigente", explica o diretor de interior do Simers, Fernando Uberti. Inicialmente, a proposta apresentada pelos profissionais condicionava a renovação à quitação de pendências financeiras dos anos de 2017, 2018 e 2020. Segundo o diretor, no entanto, as propostas diminuíram nos últimos dias, contemplando somente o acerto dos salários de 2020 que permanecem atrasados, sendo 25% da remuneração de janeiro, e a totalidade dos meses de fevereiro e março. Ainda assim, segundo ele, não houve proposta para renovação do contrato de 14 médicos obstetras e de um pediatra.

Para Uberti, o problema é de longa data, com atraso de salários, falta de profissionais para plantão e sobrecarga de trabalho, o que já ocasionou movimentos de paralisação gradual que, posteriormente, foram revertidos. "É importante que se destaque que tudo isso ocorreu muito antes da pandemia de coronavírus, não é um problema de agora", afirma. Um termo aditivo do contrato vigente foi assinado há 60 dias, lembra o diretor, mas o vínculo terminou no último dia 31, ocasionando a paralisação do setor, o que, para o médico, representa um prejuízo significativo, por serem áreas prioritárias, que tratam de necessidades imediatas da população, com urgência e emergência.

Com uma média de 160 atendimentos mensais nas áreas de pediatria e maternidade, a Santa Casa é referência no atendimento de gestantes de baixo risco para municípios vizinhos. Conforme o site da instituição, há a oferta de plantão pediátrico presencial e obstétrico 24 horas, além de leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), privados e particulares. Conforme a assessoria da casa de saúde, todos os pacientes seguem recebendo assistência no hospital.

Reestruturação

Em nota, a Santa Casa de Pelotas destacou reconhecer a importância e a relevância do atendimento materno-infantil para a sociedade. No entanto, afirmou que as dificuldades que o serviço vem enfrentando são do conhecimento de todos, citando que o hospital não mediu esforços para que o funcionamento fosse mantido. O texto segue, apontando que a instituição trabalha na reestruturação do serviço, de modo a promover continuidade aos atendimentos. "Acreditamos nas próximas horas ter o serviço retomando seu funcionando normal", conclui a nota. A Assessoria Especial de Comunicação da prefeitura afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde trabalha para a reabertura do setor e que uma reunião on-line estava prevista para ocorrer ainda ontem, para tratar do assunto.

Demais maternidades

No município, o atendimento em outras instituições seguem normalmente. O Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) possui 16 leitos obstétricos e os atendimentos aos casos suspeitos de Covid-19 em gestantes serão realizados em adaptações efetuadas em leitos cirúrgicos ginecológicos. A maternidade do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) também segue em funcionamento.