Saúde
Maternidade sem atendimentos eletivos nas sextas-feiras
Procedimentos de urgência e emergência seguem abertos à população; paralisação de deve ao atraso dos salários
Jô Folha -
O setor Materno-Infantil da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas não realizou atendimentos eletivos nesta sexta-feira (07). A categoria de médicos pediátricos e obstetras paralisou parcialmente as atividades por conta do parcelamento dos salários, situação que se estende por dois meses. Em média, quatro partos são realizados por dia na casa de saúde, que também é referência entre os municípios vizinhos no atendimento a gestantes de baixo risco.
Pela assessoria de comunicação, a direção do hospital informou que os salários referentes ao mês de dezembro serão pagos na próxima segunda-feira. Os atendimentos de urgência e emergência seguem funcionando, o que fica de fora da cobertura médica durante a paralisação são os atendimentos eletivos. Caso os pagamentos sejam normalizados, os procedimentos voltam à agenda normal.
O atraso dos salários não é novidade entre os corredores da Santa Casa. Em outubro, uma paralisação semelhante à atual foi realizada. Na época, os salários estavam há um mês e meio atrasados, débito que foi normalizado antes do término do ano. O pagamento do mês de novembro, todavia, caiu na conta dos médicos da categoria somente em janeiro. "Estamos revivendo o mesmo problema do último ano. É uma questão trabalhista e de assistência à população", frisou o diretor de interior do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Fernando Machado.
A equipe do setor Materno-Infantil conta com 15 obstetras e cinco pediatras. O número ideal de especialistas em crianças e adolescentes na equipe é entre oito e dez, de acordo com o Simers. Assim, com o número reduzido, a previsão é de um possível efeito cascata de desligamentos dos demais profissionais. "Gera-se uma situação em que o médico se afasta por não ter a garantia da remuneração, além da dificuldade de compor a escala. Se houver novos desligamentos a situação será insustentável", explicou o representante do Sindicato.
No último semestre de 2019, dois médicos haviam concretizado o desligamento do setor. Hoje a Santa Casa conta com nove internações na ala materno-infantil - sete na Maternidade e outros dois na Pediatria. Na Maternidade, os atendimentos são voltados à área obstétrica, com plantão presencial e obstétrico 24 horas por dia.
Já para 2020, a situação prometia ser promissora. Na segunda quinzena de janeiro, um contrato de empréstimo de R$ 20 milhões do Banrisul foi assinado pela Santa Casa, quantia destinada para desafogar os atrasos atrasados. Em entrevista coletiva, o provedor do Hospital, João Francisco Neves, informou que a previsão era que o problema não se repetisse este ano, o que não se confirmou. Com a primeira parcela depositada nas contas da casa de saúde, a quantia de R$ 7 milhões serviu para o pagamento integral da folha salarial relativa ao mês de dezembro dos 900 funcionários do local. Outros R$ 3 milhões foram recebidos para a quitação do 13º salário.
Conforme informado pela assessoria de comunicação do Hospital, a previsão é que o pagamento de dezembro dos obstetras e pediatras sejam depositados na próxima segunda-feira. Caso não ocorra, o Simers prevê que a paralisação aumente gradualmente os dias sem atendimentos eletivos, que por hora se mantem apenas nas sextas-feiras. Durante a semana, o Sindicato notificou a direção da Santa Casa, Secretaria de Saúde (SMS), Ministério Público e Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).
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