Os médicos brasileiros devem começar a atuar no lugar de cubanos já nas próximas semanas. Enquanto isso, o cenário é de desassistência ou o de acúmulo para os profissionais que permaneceram atendendo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Em algumas cidades houve remanejo de médicos para não deixar unidades sem assistência. Em alguns municípios já há uma lista de médicos que demonstraram interesse e começam os contatos para o cadastro junto ao Ministério de Saúde, realizado pelas próprias secretarias municipais. Os profissionais já estão autorizados a se apresentar e trabalhar nas unidades pelo Ministério da Saúde. Ainda durante o final de semana, o governo do Estado anunciou o preenchimento de todas as vagas remanescentes. Ao todo, foram mais de 630 inscritos.

Este é o caso de Arroio do Padre e de Santa Vitória do Palmar, por exemplo. No extremo sul, Santa Vitória perdeu oito profissionais. O secretário Giordano Pereira informa que a pasta já recebeu uma lista com médicos interessados nas vagas do município com os respectivos contatos. "Esta semana já começamos a fazer os contatos para, até o início da semana que vem, já normalizar o atendimento", explica. Um dos problemas são as unidades remotas na cidade. A mais distante, Curral Alto, fica a 90 quilômetros do centro da cidade e possuía um médico cubano atendendo. Nesta semana, o secretário conta que foi necessário remanejo de equipes para não deixar postos sem atendimento. Três já voltaram para Cuba e outros cinco ainda permanecem no município e devem viajar no início de dezembro. Pereira estipula a meta para o dia 6 de dezembro normalizar toda a situação no município.

Em Arroio do Padre uma médica cubana continua atendendo, informa a secretária Letícia Baschi Zehetmeiyer. Em acordo com a médica, ficou definido sua permanência no município até o dia 4 de dezembro. Até lá, aguarda-se, a vaga deve ser reposta por um brasileiro inscrito na nova etapa do programa. "Já temos a informação de um médico que manifestou interesse em trabalhar na cidade. Ainda ontem (domingo) olhei o sistema e estava lá como pendente", informa Letícia. Além da médica que atende na atenção básica, o município dispõe também de um plantonista para casos urgentes.

Em Pelotas
A UBS mais atingida foi no Sítio Floresta. Lá, dos três médicos do quadro, dois eram cubanos e já não frequentam mais o posto desde a segunda-feira da semana passada. De surpresa, outros funcionários lembram que, no primeiro dia, consultas precisaram ser transferidas. Hoje, apenas com uma médica, a principal preocupação são com os pacientes idosos com receitas que precisam ser renovadas mensalmente. Caso novos médicos não cheguem em breve, a renovação de receitas deve se acumular. A perda foi sentida entre os colegas e usuários. "As pessoas gostavam muito do atendimento humano que eles possuem, o pessoal sente bastante", relata uma integrante da equipe da UBS.

A secretária Ana Costa confirma que, por ordem do Ministério de Saúde, os médicos já pararam de atender ainda na semana passada. "Estamos aguardando a reposição. Não temos nenhuma novidade neste sentido", diz. No município, 12 profissionais deixaram de atender na atenção básica. Além do Sítio Floresta, unidades na Getúlio Vargas, Pestano, Balneário dos Prazeres, Bom Jesus, Navegantes, Virgílio Costa e Vila Princesa também perderam um médico. Na zona rural, as colônias Triunfo, Osório e Maciel também perderam um profissional.

Já podem se apresentar
O presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS), Diego Espíndola, declarou que as secretarias aguardam somente o contato e a chegada dos médicos. "A Ministério de Saúde já autorizou os médicos a entrar em contato com secretários e podem imediatamente se apresentar e começar a atuar nas unidades", garantiu. Uma reunião de trabalho nesta terça-feira (27) em Porto Alegre deve definir como será esta sistemática.

No Brasil, preenchimento é mais de 95%
O Ministério da Saúde informou que 97,2% das vagas ofertadas em novo edital do Programa Mais Médicos foram preenchidas.