Um “erro de comunicação”. É assim que o secretário de Qualidade Ambiental Felipe Perez define a meta de plantar 50 mil árvores no período entre 24 de abril de 2017 e 31 de dezembro de 2018, em Pelotas. A declaração foi dada depois de o próprio Felipe ter afirmado ao Diário Popular que “com certeza” seria possível cumprir a meta firmada no contrato de gestão, documento assinado por ele e a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) há exatos seis meses, para estabelecer os objetivos da pasta. Ao todo foram assinados, em 24 de abril deste ano, 25 contratos de gestão com secretários e diretores-presidentes da administração direta e indireta do município.

Se fosse cumprido o acordo, deveriam ser plantadas 81 árvores todos os dias, contando, inclusive, fins de semana e feriados. Algo impossível para a equipe de 12 pessoas envolvidas no processo todo, desde a preparação das mudas no Horto até o plantio. Segundo o secretário, durante a execução do contrato ele comentou que “50 mil árvores seria o ideal a ser plantado”, mas não chegou a impor o número como objetivo. Porém, em reportagem veiculada pelo Diário Popular no dia 20 de maio deste ano, ao ser questionado sobre a meta ousada, respondeu: “Com certeza é possível”. Hoje, reconhece que é inalcançável.

Até 31 de dezembro de 2020, data limite do contrato de gestão, Felipe Perez pretende plantar 20 mil mudas. Fala, entretanto, que não quer limitar essa quantidade. “Quanto mais plantas, melhor será para a população”, afirma. Mesmo reduzindo 60% da meta firmada inicialmente, ainda será improvável que consiga cumpri-la. Segundo ele, neste ano foram plantadas 3,5 mil árvores na cidade e a meta é plantar cinco mil no ano que vem. Porém, a chefe de Ações Ambientais da SQA, Milene Antunes, responsável pelo plantio, afirma que 351 mudas foram inseridas na cidade no período adequado para isso, de maio a agosto deste ano.

Considerando este ritmo, será praticamente impossível alcançar a meta de 20 mil novas árvores.
A dificuldade em aumentar drasticamente a arborização de Pelotas tem dois fatores principais: o curto período de tempo para plantio e a pequena equipe encarregada da tarefa. O chefe das Ações Ambientais explica que o veículo usado para o transporte dos funcionários comporta, no máximo, 20 mudas. Além delas, é preciso carregar terra, adubo e outros instrumentos necessários. Mapear o local onde será colocada a nova planta também é fundamental para que ela não cause estragos no futuro.

As espécies são criteriosamente selecionadas de acordo com o local. Neste ano, as mudas escolhidas foram as de aroeira, extremosa e ipê-amarelo. Caso um morador queira ajudar a arborizar a cidade pode contar com o auxílio da SQA. A secretaria oferece orientações sobre as espécies e os locais adequados ao plantio. A população, inclusive, tem papel importante na manutenção das plantas. Felipe Perez conta que em alguns bairros a comunidade foi instruída e convidada a cuidar das mudas plantadas perto de suas residências.

Uma árvore por habitante
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, no mínimo, 12 m² de área verde por habitante nas cidades, o equivalente a uma árvore. E o ideal seriam 36 m² de arborização por pessoa.

Você pode acompanhar e cobrar
Os contratos de gestão estão disponíveis no link www.pelotas.com.br/contratos-de-gestao/.