Luto
Morre Francisco de Assis, da Adote
Fundador da instituição está sendo velado no Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula
Divulgação -
Morreu na noite desta terça-feira (24), o fundador da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecido (Adote), Francisco Neto de Assis. Aos 71 anos, lutava contra um câncer, diagnosticado há cerca de um ano e meio. O velório ocorre na Capela A1 do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, no Fragata, estando o sepultamento marcado para as 17h.
Seu Francisco, conhecida liderança da Adote, era natural de Riacho de Santana, Rio Grande do Norte. Autor do livro Esperando Um Coração - Doação de órgãos e transplantes no Brasil, criou a Aliança em 1998, após a dolorosa experiência da perda de um filho na longa espera por um transplante cardíaco. Ao fundar a Adote, teve como objetivo principal conscientizar a sociedade sobre o processo de doação e transplante de órgãos. Em 2018 a ONG completa 20 anos de atuação, com escritórios também em outros estados, como Rio de Janeiro e Mato Grosso.
O próprio Francisco relatou a doença em sua página no facebook, em um post feito em setembro. Contou inclusive que durante a hospitalização foi submetido a outros exames e descobriu uma pequena metástase no cérebro. "Há dezoito meses vivo com o diagnóstico de um câncer, que em um momento parece em regressão, mas em outro parece dar um passo à frente. Foi uma notícia de muito impacto por causa do estigma de sofrimento e morte que essa doença carrega em seu significado, uma verdadeira cultura de cancerofobia", disse.
E prosseguiu: "Entender que o câncer não surgiu em meu corpo como um castigo da natureza foi uma tarefa importante para uma convivência menos sofrida com ele. É preciso saber que o câncer é um processo biológico e, portanto, repleto de incertezas, começa quando, por algum motivo, ocorre um erro na duplicação das células do corpo, dando origem a uma célula cancerosa."
Ainda: "Em verdade, a maior parte desses tempos de câncer vivi com a doença sem sentir que estava doente. As inúmeras sessões de quimioterapia e de imunoterapia em nada me abalaram. Os previsíveis efeitos colaterais foram driblados e tive tempo para rever muitos conceitos sobre minha vida, diminuir e até eliminar as preocupações tolas e melhorar minhas crenças. Nasci, cresci, gerei filhos, estou envelhecendo e vou morrer. Se não tivesse uma doença grave talvez nem pensasse na morte e não tivesse tido a oportunidade de descobrir que, infelizmente, morrer não é uma coisa assim tão simples", disse ele, em um depoimento emocionante que dividiu com o público.
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