Educação
Pais tentam driblar a greve nas escolas
Protestos de professores já duram 52 dias; responsáveis pelos alunos têm buscado vagas em educandários municipais e estaduais
Infocenter -
Cada vez mais pais e estudantes têm buscado a Central de Matrículas da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) e a 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para tentar driblar a greve do magistério. Desde a semana passada, quando o governo do Estado informou que formaria comissões regionais para fazer transferências de alunos das escolas onde há paralisação, cresceu o número de pedidos em Pelotas.
Embora algumas solicitações esporádicas estivessem sendo feitas diretamente entre as escolas desde o dia 5 de setembro, quando se iniciou a mobilização dos professores, foi nos últimos três dias que a demanda por vagas aumentou significativamente. Entre segunda-feira e a tarde desta quarta-feira (25) foram 66 mudanças de escola: 63 no Ensino Fundamental e três no Médio. A prioridade tem sido dada a alunos do 9º ano do Fundamental e do 3º do Médio, que em grande parte se preparam para o Enem.
"Estamos realocando os estudantes conforme a capacidade e as vagas disponíveis. Não podemos permitir mais alunos do que cada escola comporta", explica o coordenador Carlos Humberto Marques Vieira. Apesar de priorizar a realocação nos anos finais, a Coordenadoria afirma que jovens matriculados em outras séries não estão tendo pedidos de mudança de escola negados, desde que existam vagas. Segundo o coordenador, dos 127 educandários da região, 19 estão em greve total (sendo 13 em Pelotas) e 47 com adesão parcial dos professores.
Dentre as instituições que não aderiram à greve, apenas três possuem o 3º ano do Ensino Médio. O que provoca concorrência, mesmo que o educandário seja em bairro distante. É o caso da Escola Doutor Edmar Fetter, única até o momento a absorver estudantes do 3º ano. Mesmo situada no Laranjal, tem recebido ligações diárias de pais buscando encaixar os filhos. "Hoje mesmo fizemos a matrícula destes três alunos. E há outras mães que devem vir, inclusive de escolas do Centro. O problema é que nossa estrutura é pequena e não temos como absorver todo mundo, restam poucas vagas", diz Vivian Faria, responsável pelos Recursos Humanos. Segundo ela, todos os 30 professores estão em atividade e apenas uma servidora aderiu à greve, o que mantém o trabalho normalmente. Além da Edmar Fetter, podem absorver os concluintes do Ensino Médio as escolas Joaquim Duval (Três Vendas) e Doutor Augusto Simões Lopes (Simões Lopes).
Problemas curriculares
Para o 24º Núcleo do Cpers, a orientação do governo para que os pais busquem a transferência de estudantes tende a causar ainda mais problemas. "É uma medida desesperada, autoritária e antipedagógica. Estes alunos não terão os 200 dias letivos, pois trocarão de escola com 50 dias a menos de aula e a nova instituição não irá mudar seu calendário por conta disso", avalia Carla Cassais. Conforme a integrante da direção do sindicato, 80% dos professores da região estão parados e cerca de 90% dos alunos da rede estadual sem aulas.
Diante destas dificuldades de adaptação dos transferidos às diferenças no calendário e nas matérias sendo repassadas, a diretora da Escola Edmar Fetter pretende fazer uma reunião com os pais. Com o ano letivo em sua fase final, a tendência é de que existam problemas, já que há alunos com conteúdo atrasado e, por conta da greve nas instituições de origem, não têm acesso ao histórico de notas e conteúdo aprendido.
Conforme o titular da 5ª CRE, a orientação é que estes estudantes sejam direcionados a aulas de reforço. "Onde temos o programa Mais Educação os alunos terão esse suporte no turno inverso. Esse é o ideal, porém onde não houver essa possibilidade teremos que encontrar alternativas", conclui Vieira.
Como fazer a transferência
Para pedir a mudança de uma escola em greve, os estudantes interessados devem ir até a instituição que desejam ser transferidos e verificar a existência da vaga. Caso haja, é preciso levar até a 5ª CRE um documento atestando a possibilidade de transferência para que seja feita a matrícula.
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